domingo, 30 de junho de 2013

O que são as "Sete Linhas de Umbanda"?

Por Alexandre Cumino

7 Linhas de ou da Umbanda é algo muito polêmico e que já deu muito o que falar, por mais que se escreva, sempre haverá mais e mais a ser esclarecido. Cada autor Umbandista mostra a sua visão, seu ponto de vista sobre o que são as "Sete Linhas de Umbanda".

A definição mais clara, sobre Sete Linhas de Umbanda, aprendi com Rubens Saraceni, onde afirma que:

"Sete Linhas de Umbanda são as Sete Vibrações de Deus."

"Deus se manifesta de forma Sétupla nesta realidade humana."

"As Sete Linhas têm origem em Deus através do Setenário Sagrado."

"Cada um pode dar o nome que quiser, associar as Sete Linhas a Sete Orixás, Sete Santos ou a Sete Anjos, cada um fala de uma forma diferente, o que ninguém pode negar é que as Sete Linhas de Umbanda são as Sete Vibrações de Deus, que se manifesta em Sete Essências, Sete Elementos e em tudo o mais que Deus Criou."

Podemos reconhecer as Sete Linhas ou Sete Vibrações de Deus em nossos Sete Chacras maiores, nós também somos Sétuplos, temos nossa Coroa Divina em nosso Ori, o alto da cabeça onde está localizado o chacra coronal, marcando a primeira vibração junto com os demais chacras.

Assim podemos definir de muitas formas o que são as Sete Vibrações de Deus ou as Sete Linhas de Umbanda.

Toda a literatura Espírita, Espiritualista e Ocultista em geral aborda e estuda o que são os Sete Chacras e as Sete Vibrações Primordiais, em muitas culturas encontramos um Setenário Sagrado e divindades correspondentes aos Orixás, mas isto já é assunto para uma outra matéria...

Origem das 7 Linhas de Umbanda

Podemos dizer que a origem das Sete Linhas de Umbanda está em Deus, no Setenário Sagrado, na Coroa Divina ou mesmo no que é chamado Trono das 7 Encruzilhadas. No entanto é do interesse de todos nós, umbandistas, um resgate cultural e histórico desta questão "Sete Linhas de Umbanda".

As Sete Linhas de Umbanda são presentes e faladas desde o nascimento da religião, pois o próprio Zélio de Moraes, fundador da Religião de Umbanda, já abordava esta questão.

Zélio não deixou nada escrito, mas, teve filhos e discípulos, se posso assim dizer, que falaram e falam sobre a forma como ele trabalhava e entendia a Religião de Umbanda.

O primeiro livro de Umbanda, publicado, que se tem noticia, foi escrito por Leal de Souza no ano de 1933. Leal de Souza foi médium preparado por Zélio de Moraes e o titulo de seu livro é "Espiritismo, Magia e as Sete Linhas de Umbanda", o que diz muito sobre a visão teológica que o mesmo tinha sobre a Umbanda e a importância desta questão que animou e encantou os mais diversos autores umbandistas que viriam pós Leal de Souza, sem duvida o precursor da literatura umbandista.

Mãe Zilméia de Moraes diz que Pai Ronaldo é a maior autoridade viva sobre Zélio de Moraes, é ele quem melhor pode falar sobre o Pai da Umbanda. Tendo convivido com Zélio de Morares, Pai Ronaldo, se preocupou em registrar suas palavras e também é o responsável por trazer sua mensagem e obra ao conhecimento da Umbanda Paulista.

As palavras de Pai Ronaldo Linares estão registradas no livro "Iniciação à Umbanda" (Autor Diamantino Trindade - Tríade Editorial - 1986), abaixo coloco palavra por palavra o que se encontra neste livro, sobre tal assunto:

1. "A primeira linha é caracterizada pela cor amarelo ouro bem clarinho e que seria a cor da Tenda de Santa Bárbara. O Orixá correspondente é INHAÇÃ..."

2. "A segunda linha é caracterizada pela cor rosa, correspondente a tenda Cosme e Damião... O Orixá correspondente é IBEJI..."

3. "A terceira linha é caracterizada pela cor azul. Com vários Santos Católicos sincretizados com ela, a saber: Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora dos Navegantes e Nossa Senhora da Guia. O Orixá que corresponde é IEMANJÁ..."

4. "A quarta linha é caracterizada pela cor verde, representando a Tenda São Sebastião... O Orixá correspondente é OXOSSE..."

5. "A quinta linha é caracterizada pela cor vermelho, representando a Tenda São Jorge. O orixá correspondente é OGUM."

6. "A sexta linha é caracterizada pela cor marrom, representando a Tenda São Gerônimo. Seu Orixá correspondente é XANGÔ..."

7. "A sétima linha é caracterizada pela cor violeta ou roxo, corresponde a Tenda de San'Ana... O Orixá correspondente é NANÃ..."

8. "Finalmente temos a cor negra, corresponde a Tenda de São Lázaro. É a ausência da cor e da luz da vida. Zélio de Moraes explica que as cores branco e preto não fazem parte das sete linhas, pois o branco que é a presença da luz, existe em todas elas e o negro, que é justamente a ausência da luz, está justamente na ausência delas... O Santo Católico São Lázaro é sincretizado com o Orixá ABALUAÊ ou OMULU... Este Orixá é conhecido ainda pelos nomes de XAPANÃ, ATOTÕ, e BABALÚ. "

9. "O Orixá maior da Umbanda é OXALÁ... o Chefe para o qual convergem todas as linhas, assim perfeitamente identificado na invocação com Jesus Cristo."

Este texto foi escrito já em época recente em que Umbanda é considerada Religião, no entanto muita água já correu sobre este assunto também, afinal a maioria dos primeiros umbandistas consideravam a Umbanda como uma manifestação "Espírita", era chamada frequentemente como Espiritismo de Umbanda.

O próprio Leal de Souza se refere a Umbanda como "Linha Branca de Umbanda e Demanda" e que esta "Linha Branca" é que se divide em "Sete Linhas", no entanto há também a "Linha Negra", dos Exus, muito parecido com o que coloca Pai Ronaldo. É como se tivesse o Branco acima de tudo, sete vibrações no centro e o Preto abaixo.

Encontramos textos que definem a Umbanda como uma "Linha do Espiritismo" , embora Espiritismo não seja religião, ou não pretenda ser, esta foi a maneira dos primeiros umbandistas entenderem a sua prática "espiritualista" . A Umbanda estava muito próxima de ser apenas uma "seita do espiritismo de Kardec", dado o fato de sua primeira manifestação ser uma discordância dentro de uma sessão da então Federação Espírita de Niterói.

É assim que vamos encontrar o nome do primeiro núcleo de Umbanda ou primeira igreja de Umbanda, chamada "Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade".

Em 1941 se realizou o "Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda", onde se reuniram as principais Cabeças da Umbanda de então, a idéia do congresso teria vindo do próprio Caboclo das Sete Encruzilhadas, através de Zélio de Morares, que também teve a iniciativa de fundar a primeira "Federação Espírita de Umbanda" do Brasil.

Como foi dito e registrado, sobre "A Idéia do Congresso" e a Federação:

"O seu primeiro trabalho consistiu na preparação deste Congresso, precisamente para nele se estudar , debater e codificar, esta empolgante modalidade de trabalho espiritual, afim de varrer de uma vez o que por aí se praticava com o nome de Espiritismo de Umbanda e que no nível de civilização a que atingimos não tem mais razão de ser".

Além de Zélio de Moraes também estavam presentes representantes das outras tendas fundadas por ele e representantes de várias outras "casas" incluindo o Sr. Benjamim responsável pela Tenda Mirin, que apresentou neste congresso a teoria do AUMBHANDÃ, através de seu "delegado" Diamantino Coelho.

Neste mesmo Congresso foi apresentado um trabalho com o titulo:

"INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA LINHA BRANCA DE UMBANDA"

"Memória apresentada pela Cabana de Pai Thomé do Senhor do Bomfim, na sessão do 26 de Outubro de 1941, pelo seu Delegado Sr. Josué Mendes."

Neste trabalho é apresentado um esquema da seguinte forma:

"A LINHA BRANCA DE UMBANDA E A SUA IERARQUIA"

"Os 7 Pontos da Linha Branca de Umbanda"

1° Grau de iniciação, ou seja o 1° Ponto - ALMAS

2° Grau de iniciação, ou seja o 2° Ponto - XANGÔ

3° Grau de iniciação, ou seja o 3° Ponto - OGUM

4° Grau de iniciação, ou seja o 4° Ponto - NHÃSSAN

5° Grau de iniciação, ou seja o 5° Ponto - EUXOCE

6° Grau de iniciação, ou seja o 6° Ponto - YEMANJÁ

7° Grau de iniciação, ou seja o 7° Ponto - OXALÁ

O Primeiro Congresso de Umbanda é um divisor de águas para a religião, foi após este congresso que surgiram os primeiros autores de Umbanda, foi como dar uma dose de criatividade e inspiração para a religião.

Surgiram então, neste primeiro momento, como pioneiros, nesta década de 40, as publicações de Lourenço Braga, Aluízio Fontenete, Oliveira Magno, Emanuel Zespo, Tata Tancredo, Byron Torres de Freitas, Silvio Pereira Maciel, Emanuel Zespo, Samuel Ponze, Leopoldo Betiol e Florisbela Maria de Souza entre alguns outros.

São obras caracterizadas por pioneirismo e ineditismo nos assuntos ligados à Umbanda, estes autores não tinham a quem copiar, nem o que ler sobre Umbanda, o que ao meu ver dá toda uma peculiaridade em seus textos.

É assim que Lourenço Braga, em 1942, publica seu livro: "UMBANDA (magia branca) e QUIMBANDA (magia negra)" e apresenta o primeiro esquema formulado e pensado de "Sete Linhas de Umbanda" com sete subdivisões, ou sete legiões, para cada linha. Com certeza estamos falando de um dos "pensadores" da Umbanda.

Nas primeiras páginas encontramos uma observação e um esclarecimento que são, respectivamente:

"Trabalho apresentado no 1º Congresso Brasileiro de Espiritismo, denominado Lei de Umbanda, realizado nesta cidade do Rio de Janeiro, entre 18 e 26 de outubro de 1941"

"Instado e auxiliado pelos guias espirituais, mercê de deus, resolvi escrever o presente livro sobre a Lei de Umbanda - (Magia Branca) - e sobre a Lei de Quimbanda - (Magia Negra)."

Na página 9 deste livro encontramos:

Capitulo I

DIVISÃO DO ESPIRITISMO

"Devemos dividir o Espiritismo, como ele é, na verdade, em três partes, a saber:

Lei de Kardec:

_ Espiritismo doutrinário, filosófico e científico.

Lei de Umbanda:

_ Espiritismo - Magia Branca.

Lei de Quimbanda:

Espiritismo _ Magia Negra."

Faz ainda uma observação no:

Capitulo II

"A LEI DE UMBANDA E A LEI DA QUINBANDA"

"Não se deve dizer - "Linha de Umbanda" - , mas sim, - "Lei de Umbanda" - ; Linhas são as 7 divisões de Umbanda."

Demonstrando que falta de consenso é algo antigo, herdado e característico na "Religião de Umbanda", no entanto há algo animador, todas estas discordâncias teológicas são absolutamente naturais para uma religião tão nova, haja visto as discordâncias que envolvem o nascimento do Cristianismo enquanto religião, pois originalmente era uma seita judaica apenas.

Vejamos abaixo a forma como ele, Lourenço Braga, apresenta "A Lei de Umbanda e suas Sete Linhas":

1ª Linha de Santo ou de Oxalá - dirigida por Jesus Cristo

2ª Linha de Iemanjá - dirigida pela Virgem Maria

3ª Linha do Oriente - dirigida por São João Batista

4ª Linha de Oxóce - dirigida por São Sebastião

5ª Linha de Xangô - dirigida por São Jerônimo

6ª Linha de Ogum - dirigida por São Jorge

7ª Linha Africana ou de São Cipriano - dirigida por São Cipriano

A LINHA DE SANTO OU DE OXALÁ

A linha de Santo ou de Oxalá é constituída por espíritos de várias raças terrenas, entre eles, os pretos de Minas, pretos da Bahia, padres, frades, freiras e espíritos que, quando na Terra, tiveram grande sentimento católico.

Os chefes das Legiões e das grandes falanges são espíritos conhecidos no catolicismo com o nome de Santos, tais como sejam:

1. Legião de Santo Antônio

2. Legião de São Cosme e São Damião

3. Legião de Santa Rita

4. Legião de Santa Catarina

5. Legião de Santo Expedito

6. Legião de São Benedito

7. Legião de Simirômba (Frade) São Francisco de Assis

As falanges grandes e pequenas de espíritos desta Linha, infiltram-se entre as Linhas da Lei de Quimbanda com o propósito de diminuir a intensidade do mal por eles praticado e hàbilmente arrastá-los para a prática do bem e por este motivo, verificamos muitas vezes, nos trabalhos de Magia Branca aparecerem elementos ou falanges da Magia Negra e vice-versa.

A LINHA DE IEMANJÁ

A Linha de Iemanjá chefiada por Santa Maria, mãe de Jesus Cristo, é constituída da seguinte forma:

1. Legião das Sereias - Chefe Axún ou Oxún

2. Legião das Ondinas - Chefe Naná ou Nana Burucú

3. Legião das Caboclas do Mar - Chefe Indaiá

4. Legião das Caboclas dos Rios - Chefe Iara

5. Legião dos Marinheiros - Chefe Tarimá

6. Legião dos Calunguinhas - Chefe Calunguinha

7. Legião da Estrela Guia - Chefe Maria Madalena

A missão dessas falanges é proteger os marinheiros, fazer as lavagens fluidificas dos diferentes ambientes, de encaminhar no espaço os irmãos que desejarem progredir, amparar na Terra, em geral, as criaturas do sexo feminino e de desmanchar os trabalhos da Magia Negra feitos no mar ou nos rios e de fazer trabalhos para o bem, em prol daqueles que de tal necessitarem.

A LINHA DO ORIENTE

A Linha do Oriente que é chefiada por São João Batista, é constituída pelas seguintes Legiões:

1. Legião dos Indús - Chefiada por Zartú

2. Legião de Médicos e Cientistas - Chefiada por José de Arimatéia e bafejada pelo Arcanjo Rafael

3. Legião de Árabes e Marroquinos - Chefiada por Jimbaruê

4. Legião de Japoneses, Chineses - Chefiada por Ori do Oriente

5. Legião dos Egipcianos, Aztecas, Mongóis e Esquimós, Incas e outras raças antigas - Chefiadas por Inhoarairi, Imperador Inca antes de Cristo

6. Legião dos Índios Caraíbas - Chefiadas por Itaraiaci

7. Legião dos Gauleses, Romanos e outras raças européias - Chefiada por Marcus I - Imperador Romano.

São falanges de caridade; são incumbidas de desvendar aos habitantes da Terra coisas para eles desconhecidas; são os grandes mestres do ocultismo (Esoterismo - Cartomancia - Quiromancia - Astrologia - Numerologia - Grafologia - etc.) - Magia Mental e Alta Magia.

A LINHA DE OXÓCE

A Linha de Oxóce, chefiada por São Sebastião, é constituída por legiões de espíritos com a forma de caboclos e assim temos:

1. Legião de Urubatão

2. Legião de Araribóia

3. Legião do Caboclo das Sete Encruzilhadas

4. Legião dos Peles Vermelhas - Águia Branca

5. Legião dos Tamoios - Grajaúna

6. Legião da Cabocla Jurema

7. Legião dos Guaranis - Araúna.

São falanges de caridade, doutrinam os irmãos sofredores, desmancham trabalhos de magia Negra, fazem curas, aplicam a medicina hervanária, dão passes, etc.

A LINHA DE XANGÔ

A Linha de Xangô, São Jerônimo, por ele mesmo chefiada, é a Linha da Justiça. Esta Linha é composta das seguintes Legiões:

1. Legião de Inhasã

2. Legião do Caboclo do Sol e da Lua

3. Legião do Caboclo da Pedra Branca

4. Legião do Caboclo do Vento

5. Legião do Caboclo das Cachoeiras

6. Legião do Caboclo Treme-Terra

7. Legião dos Pretos - Quenguelê.

É o povo da caridade e da justiça, dá a quem merece, pune com justiça, ampara os humildes, eleva os humilhados, desmancha trabalhos fortes de Magia Negra, etc.

LINHA DE OGUM

A Linha de Ogum, São Jorge, é dividida em sete Legiões, cujos chefes têm o nome de Ogum, seguido de um sobre nome especial; assim temos:

1. Ogum Beira-Mar

2. Ogum Rompe-Mato

3. Ogum Iara

4. Ogum Megê

5. Ogum Naruê

6. Ogum de Malei

7. Ogum de Nagô

Esta é a Linha dos grandes trabalhos de demanda, exerce grande predomínio sobre os quimbandeiros e age em vários setores, conforme o nome deles indica. Ogum Beira-Mar nas praias; Ogum Iara nos Rios; Ogum Rompe-Mato nas matas; Ogum Megê, sobre a Linha das Almas; Ogum de Malei, sobre a Linha de malei, - povo de Erú (Exu?); Ogum de Nagô, sôbre a Linha de Nagô - povo de Ganga.

LINHA AFRICANA OU DE SÃO CIPRIANO

Linha Africana da Lei de Umbanda é composta de espíritos de pretos de várias raças, como sejam:

1. Legião do Povo da Costa - Pai Cabida (Cabinda?)

2. Legião do Povo do Congo - Rei do Congo

3. Legião do Povo de Angola - Pai José

4. Legião do Povo de Benguela - Pai Benguela

5. Legião de Moçambique - Pai Jerônimo

6. Legião do Povo de Loanda - Pai Francisco

7. Legião do Povo de Guiné - Zun-Guiné

São os grandes feiticeiros de Umbanda, fazem importantes trabalhos de Magia, usando todos os rituais, porém com o fito de fazer o bem. Os componentes dessa falange infiltram-se com grande facilidade entre os quimbandeiros, causando muitas vezes confusão aos filhos da Terra.

Os espíritos desta Linha gostam muito de conversar com os filhos da Terra e nessas ocasiões costumam dizer Umbanda tem fundamento e fundamento de Umbanda tem Mironga.

Neste mesmo Livro, "Umbanda e Quimbanda", Lourenço Braga define a "LEI DE QUIMBANDA E AS SUAS SETE LINHAS", deixo Quimbanda para um outro estudo.

Em 1955 o mesmo Lourenço Braga publica "UMBANDA E QUIMBANDA - VOLUME 2", onde ele mesmo admite que: "venho agora, embora contraditando alguma coisa do que eu já havia escrito, levantar a ponta do véu mais um pouco", completando na outra página, "Os brasileiros crentes de UMBANDA, em virtude da mentalidade implantada pelo catolicismo, procuraram dar aos ORIXÁS, chefes das 7 linhas , nomes de entidades cultuadas na Religião Católica"... "A verdade, porém, é que os ORIXÁS SUPREMOS, Chefes dessas linhas, em correspondência com os planetas e as cores, são os 7 arcanjos, os quais, mantém, entidades evoluídas, chefiando essas linhas, obedientes às suas ordens diretas, as quais nada têm a ver com os santos do Catolicismo. .."

Ficando assim:

1. Linha de Oxalá ou das Almas - Jesus - Jupter - Roxo

2. Linha de Yemanjá ou das Águas - Gabriel - Vênus - Azul

3. Linha do Oriente ou da Sabedoria - Rafael - Urano - Rosa

4. Linha de Oxoce ou dos Vegetais - Zadiel - Mercúrio - Verde

5. Linha de Xangô ou dos Minerais - Orifiel - Saturno - Amarelo

6. Linha de Ogum ou das Demandas - samael - Marte - Vermelho

7. Linha dos Mistérios ou Encantamentos - Anael - Netuno - Laranja

"O Sol exerce influencia sobre os 7 planetas e a lua recebe influencia dos 7 planetas"

Cita ainda o autor que: "A Linha de Oxalá ou das Almas, chefiada indiretamente por São Miguel e diretamente por Jesus, possue 7 Legiões chefiadas por um Anjo (Lilazio)" onde surgem 7 anjos identificados por cores, atuando junto dos chefes de cada linha, a saber:

1. Jesus - Anjo Lilazio - Luz roxo claro brilhante

2. Gabriel - Anjo Luzanil - Luz azul claro brilhante

3. Rafael - Anjo Rosânio - Luz rosa claro brilhante

4. Zadiel - Anjo Ismera - Luz verde claro brilhantel

5. Orifiel - Anjo Auridio - Luz ouro claro brilhante

6. Samael - Anjo Rubrion - Luz vermelho claro brilhante

7. Anael - Anjo Ilirium - Luz branca brilhante

Agora a Linha de Oxalá se subdivide em 7 Legiões de Anjos conforme abaixo está:

1. Legião do Anjo Efrohim - na Ásia

2. Legião do Anjo Eleusim - na Índia

3. Legião do Anjo Ibrahim - na África

4. Legião do Anjo Ezekiel - na Europa

5. Legião do Anjo Ismaiel - no Brasil

6. Legião do Anjo Zumalah - na Quimbanda

Assim vemos alterações que o próprio Lourenço Braga fez ao longo do tempo em suas Sete Linhas de Umbanda, podemos até concluir que nem Lourenço Braga concorda com Lourenço Braga, quando comparamos "Umbanda e Quimbanda" Volume 1 com o Volume 2.

Ao expor este estudo, histórico e literário, dos conceitos, apresentados por autores umbandistas, sobre as "Sete Linhas de Umbanda", tenho como objetivo, única e exclusivamente, oferecer material para o estudo e / ou observação do que já se falou sobre o assunto.

Através deste estudo podemos comprovar as diferentes formas em que a Umbanda vem sendo apresentada desde sua origem, os livros desta década de 40 e 50 são pouco acessíveis pois saíram quase todos de circulação, no entanto encontramos entre os autores desta época pessoas que se dedicaram e muito na intenção de entender e abordar os conceitos teológicos, doutrinários e ritualísticos da Religião de Umbanda.

Como este é um estudo vasto o dividi em partes, numa próxima mostrarei um resumo de Lourenço Braga, que ele intitula "CONCLUSÃO", mostrando os pontos principais de sua doutrina. Também pretendo mostrar a visão de Aluízio Fontenele e outros a cerca de "Sete Linhas de Umbanda". Recomendo ainda o Livro "Orixás - Teogonia de Umbanda" de Rubens Saraceni / Editora Madras, onde apresenta "O Sincretismo da Umbanda através dos Tempos".

Não tenho como objetivo apontar este ou aquele autor em graus de acerto ou erro, mas apenas mostrar o que alguns autores pensaram sobre 7 Linhas da Umbanda.

Aos que tiveram a paciência de ler até aqui, agradeço e parabenizo pelo interesse em entender um pouco mais sobre a Religião de Umbanda, Alexandre Cumino.

sábado, 29 de junho de 2013

A ATUAÇÃO DOS ORIXÁS - Parte 2


 
E as aparências plasmadas não resistem à penetrante visão deles, que nos vêem através de nossos corpos energéticos, nunca através do nosso corpo plasmático. A eles falta a criatividade e a ilusão, que são faculdades tipicamente humanas, já que só se desenvolvem no estagio humano da evolução.
No aspecto religioso, eles nominam Deus de Divino Criador e Senhor da Luz da Vida, e quando O invocam, fazem-no através de cantos mantrânicos, nunca num diálogo coloquial como nós fazemos.

Nós chamamos aos orixás por seus nomes humanos, tais como Ogum, Oxossi, Xangô, Yemanjá, etc. Mas eles só se dirigem a eles através de seus nomes mantrânicos ou divinos, que é a mesma coisa.

Estes nomes são formados por sílabas e cada uma possui seu tom e sua fonética particular, formando um canto ou mantra.

Eles não procedem como nós, que a todo instante exclamamos: “Valei-me Deus!”, “Ajude-me, meu Pai Ogum!”, etc.

Muito antes de o código hebreu proibir o chamamento em vão do nome de Deus, os nossos irmãos naturais já tinham isto como regra de conduta. E a aplicam aos sagrados orixás, aos quais podem ver o tempo todo, estejam próximos ou distantes deles, bastando-lhes fixar suas visões no orixá que desejam focalizar visualmente.

Logo, não existe uma separação visual entre os nossos irmãos naturais e os seus regentes divinos, mesmo que estejam em outra dimensão.

Já o mesmo não ocorre conosco, os espíritos, pois a encarnação bloqueia nossa visão superior e o adormecimento de nossa memória nos impede de nos lembrarmos das divindades naturais e de como focalizá-las visualmente e mentalizá-las vibratoriamente.

Por isto a realidade religiosa dos seres naturais é superior à nossa e dispensa as nossas concepções abstratas acerca de Deus, das divindades e de como atuam em nossas vidas.

Conosco, a religiosidade tem de ser estimulada verbalmente, senão nosso sentido da fé vai se atrofiando. Já com eles, que absorvem as irradiações contínuas dos orixás irradiadores da fé e da religiosidade, isto não acontece em momento algum.

Mas têm um problema comum conosco: às vezes caem vibratoriamente quando se entregam à vivenciação de seus desejos, de seus instintos e de seus desequilíbrios emocionais. E não são pequenas essas quedas vibratórias. Quando caem vibratoriamente, afastam-se naturalmente do regente do nível onde se encontram e vão “descendo” a outros níveis, numa queda contínua que só termina quando chegam ao pólo magnético negativo da irradiação que os está sustentando.

Se um natural de Ogum começa a cair vibratoriamente por causa de uma das razões que citamos acima, dificilmente deixa de cair até o pólo magnético negativo da linha de forças irradiantes do mistério da Lei Divina.

E se, quando vivia sob a irradiação do pólo magnético positivo era irradiante e irradiador de vibrações ordenadoras e sustentadoras da ordem, no pólo magnético negativo torna-se absorvedor de energias negativas e assume uma única cor, comum a todos os que estão sob a irradiação de um pólo magnético negativo.

Quando isto acontece, nós chamamos estes seres de seres negativados, pois são intolerantes, irascíveis, violentos, perigosos, ensimesmados e refratários a qualquer contato.

Eles se isolam em si mesmos e se autopunem por terem falhado em alguns dos setes sentidos básicos. Sentem-se indignos dos regentes irradiantes e fogem deles assim que percebem suas aproximações. Muitos adentram nos níveis vibratórios afins da dimensão humana, no intuito de ocultarem-se da visão e da luz dos orixás.

Mas, por serem portadores de uma inocência natural, são presas fáceis dos “poderosos” espíritos caídos nas trevas humanas, que possuem seus sombrios domínios abarrotados de espíritos caídos, também por vivenciarem seus desejos, por desequilíbrios emocionais e por seus instintos básicos.

Estes poderosos espíritos caídos, os temidos “grandes das Trevas”, recorrem aos seus poderes mentais e suas faculdades ilusionistas e praticamente escravizam estes seres naturais, hipnotizando-os e livrando-os de suas culpas conscienciais, adormecendo no intimo deles os sentimentos de vergonha e o desejo de se autoflagelarem.

Os grandes das Trevas acercam-se desses naturais caídos porque estes são leais, fieis, obedientes e submissos ao extremo. Além de serem irradiadores de energias negativas muito perigosas para os espíritos humanos, que somos nós.

Os grandes magos negros das trevas humanas os usam assiduamente para perseguirem seus desafetos encarnados ou retidos nos sombrios níveis vibratórios das faixas negativas da dimensão espiritual humana.

Na inocência natural deles está sua fraqueza, pois são iludidos com facilidade e lhes falta o recurso da criatividade humana para pensarem numa saída racional para o problema que criaram para si mesmos.

Os magos das trevas os induzem a crerem que os orixás luminosos não gostam mais deles e que os querem longe de seus domínios naturais, despertando neles uma ojeriza à luz e a todos que vivam nas faixas vibratórias luminosas.

O fato é que, quando alguém, seja um ser natural ou um espírito humano, é portador natural de um mistério, os seres elementares, os encantados e os naturais vêem o grau e o mistério no seu portador e o tratam com respeito e reverência e aproxima-se dele para absorverem as suas irradiações naturais, que contêm as vibrações divinas do mistério que se manifesta através dele e flui junto com suas irradiações.

Se assim procedem é porque, passando a absorver as irradiações do mistério, chegará um tempo em que também eles se tornarão irradiadores do mistério que os irradiou e sustentou.

Se existem mistérios humanos?

- Sim, existem os mistérios humanos, irmãos amados!

Nossa criatividade é um deles e tem nos ajudado a superar obstáculos gigantescos em nossa evolução segmentada, pois ora estamos vivendo no plano material, ora no plano espiritual.

Um outro mistério humano é a faculdade de desenvolvermos mais de um mistério natural em nós mesmos. Sim, os seres naturais e os encantados só irradiam a partir de si mesmos um mistério, seja ele de natureza positiva ou negativa.

Mas nós, espíritos humanos, podemos irradiar quantos desejarmos e formos capazes de desenvolver em nosso íntimo, até um ponto em que passamos a irradiá-los naturalmente, desde que nos coloquemos em sintonia vibratória com as divindades irradiadoras deles.

Querem um exemplo simples acerca do que estamos comentando? Ei-lo:

Um médium de Umbanda “lida” com vários orixás ao mesmo tempo durante seus trabalhos magísticos. Num instante ele ativa o mistério de um para, no instante seguinte, ativar o de outro, já afim com sua nova necessidade. Durante o decorrer de uma engira, vários orixás são invocados e os médiuns vão assimilando suas irradiações, tornando-se irradiadores das energias deles.

E se invocam Exu, no mesmo instante Exu se manifesta e os médiuns passam a irradiar suas energias. Essa capacidade humana de lidar com mistérios distintos e ao mesmo tempo só nós, os seres espiritualizados, possuímos, já que os seres encantados ou naturais de Ogum, por exemplo, só irradiam qualidades de Ogum, e o tempo todo.

Um encantado ou natural de Oxóssi só irradia qualidades de Oxóssi, o tempo todo. Uma encantada ou natural de Yemanjá só irradia qualidades de Yemanjá, o tempo todo. Uma encantada ou natural de Oxum só irradia qualidades de Oxum, o tempo todo.

Por qualidades entendam mistérios e energias!

Já nós, os espíritos humanos, bem, ora estamos irradiando Ogum, ou Oxóssi ou Xangô, ora estamos irradiando Yemanjá, Oxum, Iansã, etc.

Por que esta diferente capacitação? O que é que nos faculta irradiarmos ora um e ora outro orixá? O que é que nos diferencia de nossos irmãos encantados ou naturais, que só conseguem irradiar um orixá apenas?

Bom, esta diferenciação acontece porque um encantado ou natural de Ogum é o que é: Um Ogum individualizado em si mesmo mas regido o tempo todo pelo mistério Ogum, do qual não consegue se afastar, desligar ou deixar de irradiar o tempo todo.

Um ser natural Ogum é um Ogum em si mesmo e irradia Ogum o tempo todo, nunca se dissociando de seu regente divino. E o mesmo acontece com todos os seres elementais, encantados e naturais regidos pelos outros orixás.

Já o mesmo não acontece com um espírito ou ser humano, pois o simples fato de viver e evoluir na dimensão humana já lhe faculta a possibilidade única de desenvolver a bipolaridade magnética, vibratória e irradiadora ou absorvedora de mistérios.

Um espírito humano tem uma direita e uma esquerda, um alto e um embaixo, aos quais manipula segundo suas afinidades ou necessidades.

Um espírito pode ter no alto o orixá Oxalá, no embaixo o orixá Omulú, na direita a orixá Yemanjá e na esquerda a orixá Iansã, e pode absorver as irradiações dos quatro, que não deixará de ser o que é: um espírito humano!

Já um nosso irmão encantado ou natural, bom, ele só absorve as irradiações de um desses quatro orixás ou entra em desequilíbrio magnético, vibratório e energético e fica confuso e desequilibrado emocionalmente. E cai! Istoé um dos muitos mistérios humanos, filhos de Fé nos orixás!

O estágio humano da evolução não é superior a nenhum outro. Mas que possui seus mistérios, isto ele possui! E quando um espírito humano desenvolve-se consciencialmente e adquire controle sobre seu emocional, logo é atraído pelas hierarquias naturais regidas pelos orixás que o assentam à direita ou à esquerda e o tornam irradiador de suas energias e mistérios.

Eu mesmo, Benedito de Aruanda, acho que já me assentei à direita ou à esquerda de todos os senhores(as) Orixás Intermediários naturais e junto de muitos dos senhores(as) Orixás Intermediários encantados, assim como já fui assentado à direita de alguns(as) Orixás Elementais.

A todos sirvo com fé, amor e profundo respeito, pois entendi que eles formam a imutável e inquebrável hierarquia divina do Divino Olorum, que é o nosso Divino Criador.

Este servir é irradiar individualmente, e segundo minha limitada capacidade, alguns dos mistérios que eles irradiam a todos, o tempo todo e de forma multidimensional, pois cada um possui uma irradiação vertical e outra horizontal, formando a quadratura do círculo onde estão assentados, pois são “Tronos Divinos”.

Eu, se vos falo dos senhores orixás com tanta naturalidade e conhecimento, é porque dentro dos meus limites humanos e deles recebi a orientação de ensina-los aos seus filhos que foram espiritualizados, mas continuam a ser o que nunca deixarão de ser: filhos de orixás.

Sim, todos são filhos de orixás, mas só os que desenvolvem os mistérios humanos (os seres espiritualizados) conseguem faze-lo sem grandes dificuldades. Se bem que “alguns” acabam estacionando por muito tempo nas zonas sombrias da dimensão espiritual humana.

Mas isto também acontece nas dimensões naturais regidas pelos orixás, ainda que não chamem o lado escuro delas de inferno ou umbral, pois lá o nome destas zonas sóbrias é este: pólos negativos!

Sim, os orixás regentes dos pólos negativos sustentam os seres encantados ou naturais que, por alguma razão, falharam em suas evoluções e tiveram de ser afastados do convívio com os que evoluíam equilibradamente. Eles estacionam nos níveis vibratórios negativos até que possam retomar, já equilibrados, suas evoluções naturais, pois eles não reencarnam e não tem suas memórias adormecidas, como acontece conosco sempre que reencarnamos para superar obstáculos que nos desequilibraram intensamente. Eles não saem da irradiação do seu regente natural. Assim, um encantado de Ogum, se vier a se desequilibrar durante seu estágio encantado da evolução, não sairá da dimensão regida pelo Orixá Ogum. Apenas será atraído pelo pólo magnético negativo que nela existe e, amparado por um orixá Ogum cósmico, mas de nível intermediário, nele estacionará até que tenha superado o desequilíbrio que o negativou magneticamente. É um processo seguro, mas lento, de reequilibrá-lo emocionalmente.

Já o mesmo não acontece nas zonas sombrias da dimensão humana. Nelas sempre tem um “espertinho” para recepcionar os espíritos negativados que sempre está pronto e disposto a aproveitar-se deles que, se já estão desequilibrados, muito pior ficarão após suas quedas vertiginosas.

As zonas sombrias humanas são como as prisões do plano material: alguém atropela alguém com seu veículo. Se for condenado à prisão, vai conviver com assaltantes, estupradores, assassinos frios e calculistas. Quando sair da prisão, terá feito um estagio completo no mundo da criminalidade, e com certeza recorrerá aos seus novos “conhecimentos” assim que se ver em dificuldades.

Já o mesmo não acontece nas dimensões naturais. Nelas não se misturam, de forma alguma, seres com desequilíbrios diferentes. Quem se desequilibrou num sentido não entra em contato com quem se desequilibrou em outro.

Se um encantado viciou-se nas coisas do sexo, ele irá a um pólo magnético que só atrai encantados desequilibrados por vícios sexuais. Se um encantado tornou-se violento e gosta de agredir outros encantados, imediatamente é atraído para um pólo magnético que só atrai encantados violentos e agressivos... que o agredirão.

A frase: “Os semelhantes se atraem!” se aplica com toda propriedade às dimensões naturais e parcialmente à dimensão humana, já que aqui outros fatores ponderáveis influenciam as atrações.

Aqui, um assassino frio sente-se atraído sexualmente por uma mulher virtuosa, principalmente se ela for bonita, e não se incomoda de matar por ela, ou até de matá-la, se não for correspondido ou se ela não se submeter aos seus desejos imundos. Já nas dimensões naturais, se algum encantado desequilibrou-se e tornou-se violento, ele não sentirá atração sexual por ninguém, mesmo pela mais bela e atraente das encantadas.

O desequilíbrio não se generaliza ou alcança outros sentidos e, muito ao contrário, até os anula, pois o ser passa a viver intensamente o seu desequilíbrio e fecha-se em si mesmo, não suportando o contato com outros encantados.

É quase que um “autismo”, onde cada um vive seu mundo pessoal e só sai dele em casos extremos.. ou após esgotar seu negativismo energético e as causas do desequilíbrio emocional que o tornou magneticamente atrativo pelos pólos negativos da dimensão onde vive e evolui.

(texto extraído do livro: “O Código de Umbanda” – obra inspirada pelos mestres de luz Sr. Ogum Beira Mar, Pai Benedito de Aruanda, Li-Mahi-An-Seri yê, Seiman Hamiser yê e Mestre Anaanda e psicografada por Rubens Saraceni).

sexta-feira, 28 de junho de 2013

A ATUAÇÃO DOS ORIXÁS - Parte 1

Por Rubens Saraceni

Uma das maiores dificuldades das pessoas é o entendimento da ascendência dos orixás sobre suas vidas e nós temos insistido nos estágios da evolução que, se formam um continuum na vida dos seres, no entanto não se processam em uma mesma dimensão.
Se hoje somos espíritos, ontem éramos seres naturais e não precisávamos reencarnar para evoluir. E anteontem éramos seres encantados da natureza, regidos por Orixás Encantados que direcionavam e monitoravam mentalmente nossa evolução.

Enfim, um ser não é um produto acabado quando é criado por Deus. E se nos permitem uma comparação, no momento da nossa criação não éramos diferentes de um óvulo fecundado por um sêmen, pois desta união surge uma vida, um indivíduo com uma herança genética que controlará sua formação celular, nervosa, óssea, etc., dotado de um cérebro que lhe facultará um aprendizado contínuo e uma capacidade de raciocinar já a partir de suas necessidades básicas.

Enquanto estamos protegidos no útero materno, somos o ser que está sendo gerado no íntimo de Deus. Quando nascemos, o nosso cordão umbilical é cortado e só sobrevivemos porque temos no leite materno um composto energético que nos fornece todo alimento de que necessitamos para continuarmos vivos e bem alimentados.

O leite materno, comparativamente, é a energia elemental que dá sustentação energética aos seres recém-saídos do estágio original da evolução, que alguns chamam de estado virginal do espírito, onde ainda somos seres virginais porque não entramos em contato com nada do que existe fora do útero divino.

Nós, quando vivenciamos nosso estágio elemental da evolução, éramos totalmente inconscientes, como são todos os recém-nascidos, e não dispensávamos o amor, carinho e amparo materno, que recebíamos de nossas mães elementais.

Elas nos inundavam com suas irradiações de amor e de fé e formaram nossa natureza básica ou elemental.

As mães elementais formam uma hierarquia divina venerada, adorada e respeitadíssima por todos os Orixás Encantados e naturais, que as tem na conta de mães divinas puras em todos os sentidos, pois são puras nos seus elementos e no amor que irradiam.

As mães ígneas irradiam energias elementais puras do fogo e vibram um amor que abrasa quem está em seu campo vibratório e sob suas irradiações.

E o mesmo acontece com as mães aquáticas, eólicas, telúricas, minerais, vegetais e cristalinas.

Aproximar-se de uma dessas mães é voltar à primeira infância num piscar de olhos, mesmo para um espírito tão velho quanto eu, Pai Benedito de Aruanda.

Já o segundo estágio de nossa evolução acontece quando o nosso corpo e natureza elemental já estão formados e aptos a absorverem energias mistas.

Automaticamente somos conduzidos aos jardins de infância dirigidos por nossas mães bielementais, para absorvermos um segundo elemento e desenvolvermos nosso emocional ou pólo negativo.

Neste estágio dual ou bielemental da evolução, encontramos as nossas amadas mães mistas, tão amorosas quanto as primeiras, mas atentas ao nosso crescimento e ao desenvolvimento de nossas faculdades elementares ou básicas, também conhecidas como “instintos básicos”.

Estas nossas amadas mães são conhecidas como: Yemanjás do ar, da terra, dos minerais, dos vegetais (isto mesmo) e dos cristais. Só não são Yemanjás do fogo, pois estes elementos não combinam com água, que é o elemento original delas. Mas nós as encontramos nas Oxuns do fogo e também nos outros elementos, mas não temos as mães Oxuns vegetais no nosso segundo estágio da evolução porque o elemento puro mineral e o vegetal não se combinam. Elas só surgirão em nossas vidas no nosso quarto estágio da evolução ou evolução natural, pois aí o mineral, o vegetal, a água, o ar e o fogo formarão um composto energético já assimilável pelos seres, muito mais desenvolvidos em todos os sentidos.

E assim, em nosso segundo estágio da evolução fomos amparados e instruídos por nossas amadas mães mistas ou bielementais, que também são amadas, veneradas e respeitadíssimas por todos os orixás.

Depois de desenvolvermos nossos instintos básicos e nosso emocional, somos conduzidos ao nosso terceiro estagio da evolução, também conhecido como estágio encantado da evolução dos seres. E quem nos acolheu no aconchego de seus amores maternos foram as nossas amadas e severas mães encantadas.

São severas porque sabem que os seres ainda guiados pelos instintos são semelhantes aos adolescentes do plano material: são emocionais, instintivos, curiosos, inquiridores, um tanto cabeças-duras e impetuosos!

Ou encontram nas mães encantadas as mestras rigorosas, ou com toda certeza acabarão se confundindo e trocando os pés pelas mãos, paralisando suas evoluções.

As nossas mães encantadas não são menos amorosas que as duas categorias anteriores, mas exigem uma obediência total, senão nos dão umas “palmadinhas” para nos recolocar na senda evolutiva.

Elas já são irradiadoras de, no mínimo, três elementos que formam uma quarta energia, que desperta os sentidos e a sensibilidade nos seres encantados. São tantas as mães encantadas que é impossível quantificar seu número. E todas são rigorosas, não importando de qual elemento original elas provenham.

Elas são mães e mestras e tanto nos amam quanto nos instruem. E não nos liberam para o quarto estágio da evolução enquanto não tiverem plena certeza de que estamos aptos a vivenciá-lo. E mesmo depois de nos entregar aos cuidados de nossas mães naturais, continuam a vigiar-nos... e a aplicar corretivos se nos desviamos na nossa conduta pessoal ou do caminho que devemos trilhar.

De vez em quando, tem algum ser natural sendo chamado à razão por alguma delas. E até nós, os espíritos reintegrados às hierarquias naturais, às vezes somos advertidos quanto ao nosso liberalismo humano.

Isto de alguns filhos de Santo dizerem que as mães encantadas são intolerantes com suas falhas individuais e que os punem com severidade, bem... é verdade!

Com elas não  tem a desculpa de que depois se conserta o que estragou ou depois se repara um erro. Ou conserta e repara no ato ou... é posto de castigo e ajoelhado em cima de grãos de milho, certo? 

Estas mães encantadas são sensíveis aos seus filhos e fazem de tudo para desenvolver neles os sentidos que os guiarão pelo resto da vida, deixando de guiarem-se pelos instintos básicos.

Muitos encontram certa dificuldade em deixar de se guiar pelos instintos e acabam sendo recolhidos a faixas vibratórias especificas, onde esgotarão seus emocionais negativados, pois só depois disso desenvolverão a percepção e os sentidos se abrirão como canais mentais direcionadores de suas ações. Só quando desenvolverem plenamente seus sentidos e a percepção, que é o recurso básico usado por seus filhos, é que as mães encantadas os encaminham às mães naturais, que os receberão e os sustentarão no quarto estagio da evolução que chamamos de estágio “natural” da evolução.

As mães naturais, ao contrário das mães encantadas, são mais liberais, ainda que mantenham o mesmo rigor e severidade.

Mas elas dão uma certa liberdade de ação aos seus filhos para que eles possam desenvolver a consciência. Esse despertar da consciência implica assumir compromissos e sustentar iniciativas guiadas pelos sentidos e pela consciência.

O mesmo acontece conosco, que viemos do terceiro estágio da evolução, quando também éramos seres encantados guiados pelos sentidos e pela percepção.

Paralelismo vibratório é um recurso maravilhoso de Deus, pois quando um ser não está evoluindo sob a regência de uma mãe natural, então ela o encaminha a outra faixa vibratória, onde outro elemento básico predomina. E nela o ser passará por uma acentuada aceleração ou desaceleração em sua vibração individual, sempre visando o melhor para ele, que tem de se conscientizar e assumir “conscientemente” a condução de sua vida, suas iniciativas e suas preferências pessoais.

A quarta faixa vibratória de todas as dimensões naturais, onde não acontece o ciclo encarnacionista, está, vibratoriamente, no mesmo nível terra da faixa humana onde os espíritos encarnados vivem e evoluem.

Nós somos espíritos porque, quando desenvolvemos nosso corpo percepcional e passamos a nos guiar pelos sentidos, fomos espiritualizados ou revestidos de um plasma cristalino que protege nosso corpo energético para que suportemos as irradiações energéticas que penetram na dimensão humana e a inundam dos mais variados tipos de energias.

Não nos perguntem porque Deus criou a dimensão humana, pois esta resposta só Ele pode dar. Mas nós raciocinamos e muitas hipóteses já foram aventadas. A que parece ser a mais lógica é a que indica que o espírito desenvolve, junto com o despertar da consciência, a criatividade. Se bem que, como aqui na dimensão humana tudo se desenvolve em dois sentidos, também desenvolvemos a ilusão.

E, enquanto a criatividade humana nos proporciona recursos adicionais à nossa evolução, a ilusão nos induz ao emocionalismo, ao retorno aos instintos básicos, à paralisação dos nossos sentidos e do nosso percepcional, à inconsciência e a quedas vibratórias acentuadas que nos afastam do convívio dos espíritos que nos são afins.

Os nossos irmãos naturais desenvolvem a consciência e apuram ainda mais seus percepcionais, enquanto nós aperfeiçoamos nossa consciência e apuramos nosso raciocínio, pois a criatividade precisa de uma apuradíssima capacidade de raciocinar a partir de conceitos abstratos para que cheguemos às definições corretas que possibilitam a criação “concreta” de novos recursos que facilitarão nossa evolução.

Esta hipótese se mostra a mais lógica porque nós conhecemos as dimensões naturais e nelas não existe a criatividade humana, que transforma o meio onde vivemos, altera os nossos costumes, nossas culturas, nossos ideais... e até criamos religiões. Nas dimensões naturais não existem os nossos tão abstratos conceitos religiosos e nossas mirabolantes concepções sobre Deus. 

O sentido da Fé vai conduzindo todos ao mesmo tempo, pois as vibrações dos orixás irradiadores de religiosidade são absorvidas por todos ao mesmo tempo. E quando um ser natural desenvolve o sentido da Fé até seu limite, assim como adquire a plena consciência, então se torna um irradiador natural da fé, semelhante ao seu orixá regente, que o amparou o tempo todo com suas intensas vibrações despertadoras dos sentimentos de amor, respeito e reverência para com o Divino Criador, e para com todas as criaturas, os seres e toda a criação divina.

Este processo evolutivo é contínuo e o chamamos de evolução natural. Porque o ser não tem sua memória adormecida em momento algum, desde que saiu do útero divino que o gerou. Ele não teve de reencarnar seguidas vezes e não se esqueceu de nenhuma de suas vivenciaçoes, ocorridas nos três estágios anteriores da sua evolução.

E, se são semelhantes a nós já que o único diferenciador é o plasma cristalino que envolve nosso corpo energético, no entanto algo os distingue de nós, pois aos nossos olhos humanos eles são todos “iguais”.

Eles não reencarnam e não são diferenciados pelo corpo carnal, como acontece conosco, os seres espiritualizados.

Sim, porque se nascermos chineses, nossos espíritos mostrarão os traços característicos desta raça. E se nascermos negros ou louros, o mesmo acontecerá, ainda que essa membrana plasmática cristalina possa ser alterada mentalmente por nós, que assumiremos a aparência que desejarmos se dominarmos esse processo de alteração de nosso corpo plasmático.

Os seres naturais não alteram suas aparências porque lhes falta este revestimento plasmático, e nem lhes ocorre assumirem outras aparências, pois consideram isto um recurso típico dos seres espiritualizados, que recorrem às aparências porque procuram iludir-se, já que estão aparentando alguém que não foram ou são, ou já foram e não são mais.

....................continua.............................................................