sábado, 31 de agosto de 2013

Utilidade Pública: Como e porquê separar o lixo?


Garrafas de vidro: reciclagem infinitaGarrafas de vidro: reciclagem infinita
A reciclagem reduz, de forma importante, impacto sobre o meio ambiente: diminui as retiradas de matéria-prima da natureza, gera economia de água e energia e reduz a disposição inadequada do lixo. Além disso, é fonte de renda para os catadores.

Rafaela Ribeiro

A preservação do meio ambiente começa com pequenas atitudes diárias, que fazem toda a diferença. Uma das mais importantes é a reciclagem do lixo. As vantagens da separação do lixo doméstico ficam cada vez mais evidentes. Além de aliviar os lixões e aterros sanitários, chegando até eles apenas os rejeitos (restos de resíduos que não podem ser reaproveitáveis), grande parte dos resíduos sólidos gerados em casa pode ser reaproveitada. A reciclagem economiza recursos naturais e gera renda para os catadores de lixo, parte da população que depende dos resíduos sólidos descartados para sobreviver.

Segundo a última pesquisa Nacional de Saneamento Básico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são recolhidas no Brasil cerca de 180 mil toneladas diárias de resíduos sólidos. O rejeito é resultante de atividades de origem urbana, industrial, de serviços de saúde, rural, especial ou diferenciada. Esses materiais gerados nessas atividades são potencialmente matéria prima e/ou insumos para produção de novos produtos ou fonte de energia.

Mais da metade desses resíduos é jogado, sem qualquer tratamento, em lixões a céu aberto. Com isso, o prejuízo econômico passa dos R$ 8 bilhões anuais. No momento, apenas 18% das cidades brasileiras contam com o serviço de coleta seletiva. Ao separar os resíduos, estão sendo dad os os primeiros passos para sua destinação adequada. Com a separação é possível: a reutilização; a reciclagem; o melhor valor agregado ao material a ser reciclado; as melhores condições de trabalho dos catadores ou classificadores dos materiais recicláveis; a compostagem; menor demanda da natureza; o aumento do tempo de vida dos aterros sanitários e menor impacto ambiental quando da disposição final dos rejeitos.

O que é reciclável?

É reciclável todo o resíduo descartado que constitui interesse de transformação de partes ou o seu todo. Esses materiais poderão retornar à cadeia produtiva para virar o mesmo produto ou produtos diferentes dos originais.
Por exemplo: Folhas e aparas de papel, jornais, revistas, caixas, papelão, PET, recipientes de limpeza, latas de cerveja e refrigerante, canos, esquadrias, arame, todos os produtos eletroeletrônicos e seus componentes, embalagens em geral e outros.

Como separar o lixo doméstico?

Não misture recicláveis com orgânicos - sobras de alimentos, cascas de frutas e legumes. Coloque plásticos, vidros, metais e papéis em sacos separados.

Lave as embalagens do tipo longa vida, latas, garrafas e frascos de vidro e plástico. Seque-os antes de depositar nos coletores.

Papéis devem estar secos. Podem ser dobrados, mas não amassados.

Embrulhe vidros quebrados e outros materiais cortantes em papel grosso (do tipo jornal) ou colocados em uma caixa para evitar acidentes. Garrafas e frascos não devem ser misturados com os vidros planos.

O que não vai para o lixo reciclável?

Papel-carbono, etiqueta adesiva, fita crepe, guardanapos, fotografias, filtro de cigarros, papéis sujos, papéis sanitários, copos de papel. Cabos de panela e tomadas. Clipes, grampos, esponjas de aço, canos. Espelhos, cristais, cerâmicas, porcelana. Pilhas e baterias de celular devem ser devolvidas aos fabricantes ou depositadas em coletores específicos.

E as embalagens mistas: feitas de plástico e metal, metal e vidro e papel e metal?

Nas compras, prefira embalagens mais simples. Mas, se não tiver opção, desmonte-a separando as partes de metal, plástico e vidro e deposite-as nos coletores apropriados. No caso de cartelas de comprimidos, é difícil desgrudar o plástico do papel metalizado, então descarte-as junto com os plásticos. Faça o mesmo com bandejas de isopor, que viram matéria-prima para blocos da construção civil.

Outras dicas:

Papéis: todos os tipos são recicláveis, inclusive caixas do tipo longa-vida e de papelão. Não recicle papel com material orgânico, como caixas de pizza cheias de gordura, pontas de cigarro, fitas adesivas, fotografias, papéis sanitários e papel-carbono.

Plásticos: 90% do lixo produzido no mundo são à base de plástico. Por isso, esse material merece uma atenção especial. Recicle sacos de supermercados, garrafas de refrigerante (pet), tampinhas e até brinquedos quebrados.

Vidros: quando limpos e secos, todos são recicláveis, exceto lâmpadas, cristais, espelhos, vidros de automóveis ou temperados, cerâmica e porcelana.

Metais: além de todos os tipos de latas de alumínio, é possível reciclar tampinhas, pregos e parafusos. Atenção: clipes, grampos, canos e esponjas de aço devem ficar de fora.

Isopor: Ao contrário do que muita gente pensa, o isopor é reciclável. No entanto, esse processo não é economicamente viável. Por isso, é importante usar o isopor de diversas formas e evitar ao máximo o seu desperdício. Quando tiver que jogar fora, coloque na lata de plásticos. Algumas empresas transformam em matéria-prima para blocos de construção civil.

CURIOSIDADES:

  • A reciclagem de uma única lata de alumínio economiza energia suficiente para manter uma TV ligada durante três horas.
  • Cerca de 100 mil pessoas no Brasil vivem exclusivamente de coletar latas de alumínio e recebem em média três salários mínimos mensais, segundo a Associação Brasileira do Alumínio.
  • Uma tonelada de papel reciclado economiza 10mil litros de água e evita o corte de 17 árvores adultas.
  • Cada 100 toneladas de plástico reciclado economizam 1 tonelada de petróleo.
  • Um quilo de vidro quebrado faz 1kg de vidro novo e pode ser infinitamente reciclado.
  • O lacre da latinha não vale mais e não deve ser vendido separadamente. As empresas reciclam a lata com ou sem o lacre. Isso porque o anel é pequeno e pode se perder durante o transporte.
  • Para produzir 1 tonelada de papel é preciso 100 mil litros de água e 5 mil KW de energia. Para produzir a mesma quantidade de papel reciclado, são usados apenas 2 mil litros de água e 50% da energia.
  • Cada 100 toneladas de plástico economizam uma tonelada de petróleo.
  • O vidro pode ser infinitamente reciclado.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Exú Veludo

Fonte: da pagina do Facebook de Cavaleiros de Aruanda

Um espírito ligado ao desenlace carnal, a morte, a limpeza, a proteção de locais. O veludo é um símbolo de posição elevada, de status, prosperidade.

A maioria dos médiuns que incorporam este senhor e os médiuns que entram em contato com ele o visualizam vestindo tecidos de cor lilás, roxo, preto e branco. Símbolo de sua realeza dentro dos cemitérios e encruzilhadas. 

É ligado aos médiuns do Orixá Obatalá (Oxalá), talvez por sua idade, realeza e ligação com a morte. Também encontramos muitos médiuns de Obaluwaiyê e Nanã.

É sem dúvida ligado à linha roxa de nossas guias de sete linhas, a linha das almas (Nanã e Obaluwaiyê).

Pedaços de tecido de veludo devem ser colocados na oferenda para o EXU VELUDO ara simbolizarem algo importante como um sinal das coisas boas que se quer obter.

A história de Exu Veludo pode ser melhor contada por cada espírito de sua falange, pois cada um possui uma origem particular, o que os une é a missão atual.

A Oferenda ao Exu Veludo para limpeza, retirar karma, afastar feitiço e negatividade:

Passar pelo corpo e colocar na terra um pedaço de veludo roxo em tiras fazendo uma cruz para simbolizar os quatro cantos do mundo, ou em mais tiras... (sete tiras se for mulher, e nove tiras se for homem)

Uma folha de mamona roxa

Uma farofa bem feita com alho roxo, cebola roxa e cominho

Bifes de carne bovina em tiras ou quadradinhos, temperados com dendê, cebola roxa picada

Uma garrafa de vodca, gim

Charuto

Uma vela branca, uma vela preta e uma vela roxa

Após passar as tiras de veludo pedindo o que quer transformar em sua vida, coloque a folha de mamona roxa grande com a farofa já temperada, por cima da farofa coloque a carne passada no fogo com dendê e os temperos.

Acenda as velas em forma de triângulo, no leste (o seu lado direito) a vela branca, no oeste a vela preta, e à sua frente atrás da oferenda a vela roxa.

Acenda o charuto e forme mentalmente um triângulo, uma pirâmide de luz violeta, que desce e irradia a oferenda, você, veja a falange de Exu Veludo toda a sua volta recebendo a luz e se fortalecendo, e sinta a chama interior dentro de você que cresce sendo iluminada e transformada, respire fundo...

Diga ou fale no pensamento, que a vela branca seja a luz de Deus que ilumina o mundo; a vela preta seja a sua luz interior que mesmo em trevas que reinam este mundo buscam se iluminar, e pela transformação da luz aos que ainda não a enxergam; e a vela roxa seja a luz que desce e irradia toda a egrégora e que atrai a saúde, transformação e espíritos de consciência elevada que auxiliam os seres humanos na busca pela felicidade. Para que andem no equilíbrio e encontrem a felicidade.

Assopre a vodca a sua volta, mentalizando os pedidos e jogando no ar, pedindo aos ventos que rodam os quatro cantos do mundo para que espalhem os seus pedidos.
Exú Veludo 

 Um espírito ligado ao desenlace carnal, a morte, a limpeza, a proteção de locais. O veludo é um símbolo de posição elevada, de status, prosperidade.

A maioria dos médiuns que incorporam este senhor e os médiuns que entram em contato com ele o visualizam vestindo tecidos de cor lilás, roxo, preto e branco. Símbolo de sua realeza dentro dos cemitérios e encruzilhadas. É ligado aos médiuns do Orixá Obatalá (Oxalá), talvez por sua idade, realeza e ligação com a morte. Também encontramos muitos médiuns de Obaluwaiyê e Nanã.

É sem dúvida ligado à linha roxa de nossas guias de sete linhas, a linha das almas (Nanã e Obaluwaiyê).
Pedaços de tecido de veludo devem ser colocados na oferenda para o EXU VELUDO ara simbolizarem algo importante como um sinal das coisas boas que se quer obter.

A história de Exu Veludo pode ser melhor contada por cada espírito de sua falange, pois cada um possui uma origem particular, o que os une é a missão atual.

A Oferenda ao Exu Veludo para limpeza, retirar karma, afastar feitiço e negatividade:

Passar pelo corpo e colocar na terra um pedaço de veludo roxo em tiras fazendo uma cruz para simbolizar os quatro cantos do mundo, ou em mais tiras... (sete tiras se for mulher, e nove tiras se for homem)
Uma folha de mamona roxa
Uma farofa bem feita com alho roxo, cebola roxa e cominho
Bifes de carne bovina em tiras ou quadradinhos, temperados com dendê, cebola roxa picada
Uma garrafa de vodca, gim
Charuto
Uma vela branca, uma vela preta e uma vela roxa

Após passar as tiras de veludo pedindo o que quer transformar em sua vida, coloque a folha de mamona roxa grande com a farofa já temperada, por cima da farofa coloque a carne passada no fogo com dendê e os temperos.
Acenda as velas em forma de triângulo, no leste (o seu lado direito) a vela branca, no oeste a vela preta, e à sua frente atrás da oferenda a vela roxa.
Acenda o charuto e forme mentalmente um triângulo, uma pirâmide de luz violeta, que desce e irradia a oferenda, você, veja a falange de Exu Veludo toda a sua volta recebendo a luz e se fortalecendo, e sinta a chama interior dentro de você que cresce sendo iluminada e transformada, respire fundo...
Diga ou fale no pensamento, que a vela branca seja a luz de Deus que ilumina o mundo; a vela preta seja a sua luz interior que mesmo em trevas que reinam este mundo buscam se iluminar, e pela transformação da luz aos que ainda não a enxergam; e a vela roxa seja a luz que desce e irradia toda a egrégora e que atrai a saúde, transformação e espíritos de consciência elevada que auxiliam os seres humanos na busca pela felicidade. Para que andem no equilíbrio e encontrem a felicidade.
Assopre a vodca a sua volta, mentalizando os pedidos e jogando no ar, pedindo aos ventos que rodam os quatro cantos do mundo para que espalhem os seus pedidos.


quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Mensagem do Caboclo Boiadeiro Zé do Laço PRA LEI DE CAUSA E EFEITO NÃO HÁ PERDÃO!



Com muita angústia e aparente simplicidade um filho de fé perguntou:
- Eu rodo, rodo e não me acho,
Seu Zé, o que é que eu faço?
Eita boi danado... Além de danado é teimoso!
Num sabe que tem que fazer estudadô pra ficar formoso?
Procura do lado de fora,
o que está do lado dentro.
Basta olhar o aqui e agora,
observar o teu próprio centro.
É por isso que quando nóis vai treinar cavalo,
nóis amarra ele, coitado...
Mas de coitado ele não tem nada,
se bobear, ele amarra a gente na própria laçada!
Nóis enterra um pau no chão
e pendura um chicote no cinturão
Uma ponta da corda fica presa no pau e a outra, fica presa no cavalo
Sabe pra quê? Nem que me corte a língua eu falo!
Despois nóis manda ele rodar
E nóis fica só a admirar...
Bota a cabeça pra fazer funcionadô e larga de fazer criticadô.
O que mais tem no mundo é dona pra ensinar suncês a ser doutô!
As dona vieram pra nos ensinar
e nóis tem é que ficar muito feliz com essa misericórdia de Pai Oxalá
Mas cuidado que as dona são esperta
Vê tudo e finge que não enxerga!
Sou cabra macho sim sinhô
Mas prefiro um conselho de uma dona do que de um doutô
Abaixo a cabeça e despois fico de pé
E foi só assim que aprendi o que realmente é ter fé!
Simplicidade de aparência, só serve pra ficar de boca cheia
E se quer mesmo ter ajudadô num adianta ficar de cara feia!
Zé ainda tá sendo bom,
tô inté falando num suave tom!
Me orgulho de ser mandado por ela,
Nêga Catarina, eita velha!
E se hoje sou o que sou,
É porquê muito ela me ensinou.
Me ensinou que prá fazer caridade
A simplicidade tem que andar junto com a humildade!
Sou um peão e não um doutô,
mas o que importa é que nóis tá aqui pra ser servidô,
ao invés de ficar perdendo tempo pra fazer julgadô!
No Reino de Pai Xangô o tempo é muito mais que ouro,
Então num perca tempo fazendo da vaidade um sumidouro.
A moeda que suncês recebe nóis padece
E tudo que suncês planta, Omulu recebe.
Devolve na mesma ou em maior proporção
E de acordo com o que os filhos tem no coração
Despois, num adiante lamentar
Zé tá aqui e sabe muito bem que o seu dever é ajudar!
E sabe melhor ainda que ajudar é muitas vezes dizer um não,
pois pra Lei de Causa e Efeito não há perdão!

Mensagem recebida em 11/04/2008
por Mãe Vanessa Cabral
Dirigente do Templo Universalista Pena Branca
(Terreiro Filiado ao Centro Espiritualista Caboclo Pery)

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Os 16 Mandamentos Yorubás


1 – Não digas o que não sabes, nem informes o que desconheces.

2 – Não faças rituais nem cerimonias dos quais não tenhas o conhecimento básico.

3 – Não desorientes e nem leves por falsos caminhos as pessoas que se aproximam em busca de ajuda.

4 – Não se deve enganar a nenhuma pessoa. Não mintas nem prejudiques a integridade de teu semelhante.

5 – Não pretendas ser sábio quando ainda não sejas. Disciplina teu crescimento pessoal.

6 – Deves ser humilde, libertar-te do egocentrismo e evita o protagonismo.

7 – Não tenhas más intenções nem te tornes falso com os demais.

8 – Não rompas as proibições que te tenham ensinado nas regras de teu Itá. Não fales os segredos da cerimônia reservados unicamente para os iniciados.

9 – Os instrumentos sagrados devem manter-se limpos. Não deves tocá-los quando tenhas feito sexo ou tenhas algum pensamento indigno de um crente.

10 – Deves manter a tua Casa Templo limpa e exemplar. Dá o teu exemplo.

11 – Deves respeitar sempre os que são mais débeis e tratá-los bem e com muito respeito.

12 – Deverás respeitar e tratar muito bem aos nossos maiores e anciões.

13 – Respeita as leis morais. Não cometas infidelidade nem adultério. Não ambiciones a mulher do teu próximo.

14 – Nunca atraiçoes um amigo, nunca atraiçoes a quem te tenha esticado a mão ou que tenha sido bom contigo no passado e sempre.

15 – Não fales mais que o devido, evita os falatórios, nem reveles os segredos ditos por alguém.

16 – Respeita integralmente aos que tem cargos importantes. Mesmo o respeito mútuo deverá conservar-se.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

NOSSA HISTÓRIA


Por Rodrigo Queiroz


  Um som envolvente ecoava pelos terreiros deste Brasil, atraindo milhares de pessoas do simples ao abastado, do doutor ao iletrado, todos com suas aflições e dores buscavam nas casinhas do tambor a orientação, e quem sabe a cura para seus males.

Este movimento chamou atenção de um jovem jornalista carioca chamado João do Rio, visitando tendas, terreiros e ylês, lançava semanalmente em sua coluna crônicas sobre este universo “não” cristão.

Em 1906, João do Rio lança seu centenário livro Religiões do Rio, que é uma junção de seus textos e experiências. Lá encontramos relatos de várias vertentes religiosas como o Catimbó, Macumba, Xangô, Candomblé e outras. Contudo, nada consta sobre Umbanda.

Claro que não constaria. Talvez se ele tivesse esperado mais dois anos lá estaria alguma citação, provavelmente da origem, Zélio Fernandino de Moraes, o fundador da Umbanda.


Por outro lado, penso que assim tinha que ser, porque ainda hoje, 99 anos após a fundação desta religião, temos uma comprovação histórica da veracidade deste fato, ainda que muitos queiram falar ser a Umbanda originária disto ou daquilo, até mesmo que seja milenar.

Vamos aos fatos históricos. Relatados ao mundo por Pai Ronaldo Linares, pois recebeste esta incumbência do próprio Zélio.

Em 1908, um jovem carioca de 17 anos, se preparava para ingressar na Marinha. De família tradicionalmente católica, seguia sua fé como mandava o figurino. Eis que num determinado momento este jovem começa a ter atitudes e posturas estranhas. Por vezes se posicionava como um velho de linguajar precário e falava sobre ervas e remédios naturais, ora se mantinha como um jovem cheio de vigor e agilidade.

Estes fenômenos começaram a assustar sua família. Sua carinhosa mãe começou a via sacra em busca da cura para o filho que julgava estar louco.

Foi quando sua mãe o encaminhou para o tio médico, Dr. Epaminondas de Moraes, psiquiatra e diretor do Hospício da Vargem Grande. Após vários dias de observação e exames, não encontrando nada parecido na literatura médica da época, sugeriu à mãe do garoto que o levasse até um padre para fazer exorcismo, pois entendia que o mesmo sofria de uma possessão demoníaca.

Mais um tio de Zélio foi chamado, era padre e acompanhado de outros sacerdotes realizou três exorcismos, no entanto, os “ataques” prosseguiram deixando a família desolada.

Passado um tempo, Zélio foi tomado por uma paralisia parcial, não explicada pelos médicos, vez que não semostrava nenhuma enfermidade. Certo dia Zélio acorda em seu leito e diz: - Amanhã estarei curado! No dia seguinte começou a andar como se nada tivesse acontecido e detalhe, não houve atrofiamento muscular, como é típico em alguém que fica muito tempo deitado.

Sua mãe foi aconselhada a procurar um centro espírita, de pronto negou-se, pois entendia que ele deveria ser curado na sua religião e não tinha que se envolver com estas “coisas de espíritos”. Mas teve que render-se, foi então que procurou a recém fundada Federação Kardecista de Niterói, cidade vizinha de São Gonçalo das Neves, onde residia a famí l ia Moraes. A Federação era então presidida pelo senhor José de Sousa, chefe de um departamento da marinha chamado Toque Toque.

Zélio Fernandino de Moraes foi conduzido àquela Federação no dia 15 de Novembro de 1908, na presença do senhor José de Sousa, em meio aos ataques reconhecidos como mani festações mediúnicas. Convidado, sentou-se à mesa e logo em seguida levantou-se, afirmando que ali faltava uma flor. Foi até o jardim apanhou uma rosa branca e colocou-a no centro da mesa onde se realizava o trabalho. Tal iniciativa contrariou todas as normas da instituição o que causou certo tumulto e discussão. Após os ânimos se acalmarem, Zélio foi “tomado” por uma entidade.

José de Sousa, que possuía também a clarividência, verificou a presença de um espírito manifestado através de Zélio e passou ao dialogo a seguir: (este texto abaixo foi extraído das Apostilas do Curso de Formação Sacerdotal da FEDERAÇÃO UMBANDISTA DO GRANDE “ABC” e confirmado de forma presencial pelas turmas do 1º ao 4º Barco, ministrado por Pai Ronaldo Linares, na ocasião estes tiveram contato pessoal com Zélio).

“Senhor José: Quem é você que ocupa o corpo deste jovem?

O espírito: Eu? Eu sou apenas um caboclo brasileiro.

Senhor José: Você se identifica como caboclo, mas vejo em você restos de vestes clericais!

O espírito: O que você vê em mim, são restos de uma existência anterior. Fui padre, meu nome era Gabriel Malagrida, acusado de bruxaria fui sacrificado na fogueira da inquisição por haver previsto o terremoto que destruiu Lisboa em 1755. Mas em minha última existência física Deus concedeu-me o privilégio de nascer como um caboclo brasileiro.

Senhor José: Porque o irmão fala nesses termos, pretendendo que esta mesa aceite a manifestação de espíritos que pelo grau de cultura que tiveram quando encarnados, são claramente atrasados? E qual é o seu nome irmão?

O espírito: Se, julgam atrasados esses espíritos dos pretos e dos índios, devo dizer que amanhã estarei na casa deste aparelho (o médium Zélio) para dar início a um culto em que esses pretos e esses índios poderão dar a sua mensagem, e assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade, que deve existir entre todos os irmãos encarnados e desencarnados. E se querem saber o meu nome, que seja este: “Caboclo das Sete Encruzilhadas”, porque não haverá caminhos fechados para mim. Venho trazer a Umbanda, uma religião que harmonizará as famílias e que há de perdurar até o final dos séculos.

Senhor José: Julga o irmão que alguém irá assistir ao seu culto?

O espírito: Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei.

No desenrolar da conversa senhor José pergunta se já não existem religiões suficientes, fazendo inclusive menção ao espiritismo.

O espírito: Deus, em sua infinita bondade, estabeleceu na morte, o grande nivelador universal, rico ou pobre poderoso ou humilde, todos tornam-se iguais na morte, mas vocês homens preconceituosos, não contentes em estabelecer diferenças entre os vivos, procuram levar estas mesmas diferenças até mesmo além da barreira da morte. Por que não podem nos visitar estes humildes trabalhadores do espaço, se apesar de não haverem sido pessoas importantes na Terra, também trazem importantes mensagens do além? Porque o não aos caboclos e pretos velhos? Acaso não foram eles também filhos do mesmo Deus? Amanhã, na casa onde meu aparelho mora, haverá uma mesa posta a toda e qualquer entidade que queira ou precise se manifestar, independente daquilo que haja sido em vida, todos serão ouvidos, nós aprenderemos com aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos aqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as costas a nenhum diremos não, pois esta é a vontade do Pai.

Senhor José: E que nome darão a esta Igreja?

O espírito: Tenda Nossa Senhora da Piedade, pois da mesma forma que Maria ampara nos braços o filho querido, também serão amparados os que se socorrerem da Umbanda.”

Zélio de Morais contou que no dia seguinte, 16 de novembro, ocorreu o seguinte:

Minha família estava apavorada. Eu mesmo não sabia explicar o que se passava comigo. Surpreendia-me haver dialogado com aqueles austeros senhores de cabeça branca, em volta de uma mesa onde se praticava para mim um trabalho desconhecido. Como poderia, aos dezessete anos, organizar um culto?

No entanto eu mesmo falara, sem saber o que dizia e por que dizia. Era uma sensação estranha: uma força superior que me impelia a fazer e a dizer o que nem sequer passava pelo meu pensamento. E, no dia seguinte em casa de minha família, na Rua Floriano Peixoto, 30, em Neves, ao se aproximar a hora marcada, 20 horas, já se reuniam os membros da Federação Espírita, seguramente para comprovar a veracidade dos fatos que foram declarados na véspera, os parentes mais chegados, amigos, vizinhos e, do lado de fora, grande número de desconhecidos.

Pontualmente às 20:00 horas o Caboclo das Sete Encruzilhadas incorporou e com as palavras abaixo iniciou seu culto:

 "- Vim para fundar a Umbanda no Brasil, aqui inicia-se um novo culto em que os espíritos de pretos velhos africanos e os índios nativos de nossa terra, poderão trabalhar em benefício dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo ou posição social. A prática da caridade no sentido do amor fraterno, será a característica principal deste culto."

O Caboclo estabeleceu as normas do culto: sessões, assim se chamariam os períodos de trabalho espiritual, diárias das 20 às 22 horas, os participantes estariam uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito.

O fato de se ter fundado a Umbanda numa sexta-feira fez com que até hoje, tradicionalmente, a maioria dos terreiros trabalhem neste dia.

Ditadas as bases do culto, após responder, em latim e em alemão às perguntas dos sacerdotes ali presentes, o Caboclo das Sete Encruzilhadas passou à parte prática dos trabalhos, curando enfermos e fazendo andar aleijados.

Após a “subida” do Caboclo, manifestou-se uma entidade conhecida como “preto velho” que saindo da mesa se dirigiu a um canto da sala onde permaneceu agachado.

Questionado sobre o porquê de não ficar na mesa respondeu:

“Nego num senta não meu sinhô, nego fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco e nego deve arespeita”.

Após insistência ainda completou:

"Num carece preocupa não, nego fica no toco que é lugar de nego".

E assim continuou dizendo outras coisas mostrando a simplicidade, humildade e mansidão daquele que trazendo o estereótipo do preto velho, se identificou como Pai Antônio e logo cativou a todos com seu jeito.

Ainda lhe perguntaram se ele não aceitava nenhum agrado, ao que respondeu:

"Minha cachimba, nego qué o pito que deixo no toco, manda moleque busca”.

Esta frase originou o ponto cantado com este texto. Todos ficaram perplexos, estavam presenciando à solicitação do primeiro elemento material de trabalho dentro da Umbanda.

Na semana seguinte todos trouxeram cachimbos que sobraram diante da necessidade de apenas um para o Pai Antônio. Assim, o cachimbo foi instituído na linha de pretos velhos. Pai Antônio também foi a primeira entidade a pedir uma guia (colar) de trabalho.

O pai de Zélio freqüentemente era abordado por pessoas que queriam saber como ele aceitava tudo isso que vinha acontecendo em sua residência. Sua resposta era sempre a mesma, em tom de brincadeira respondia que preferia um filho médium em lugar de um filho louco. Foi um trabalho árduo e incessante para o esclarecimento, difusão e sedimentação da Umbanda.

Dez anos após a fundação da Tenda Nossa Senhora da Piedade (registrada como tenda Espírita, porque não ser aceito na época o registro de uma entidade com especificação de Umbanda), o Caboclo das Sete Encruzilhadas declarou que iniciava a segunda parte de sua missão: a criação de sete templos, que seriam o núcleo do qual se propagaria a religião da Umbanda.

Em 1935 , estavam fundados os sete templos idealizados pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, sendo curiosa a fundação do sétimo, que receberia o nome de Tenda São Jerônimo (a casa de Xangô).

Faltava um dirigente adequado a mesma, quando numa noite de quinta feira, José Alvares Pessoa, espírita e estudioso de todos os ramos do espiritualismo, não dando muito crédito ao que lhe relatavam sobre as maravilhas ocorridas em Neves, resolveu verificar pessoalmente o que se passava.

Logo que entrou na sala em que se reuniam os discípulos do Caboclo das Sete Encruzilhadas, este interrompeu a palestra e disse:

"Já podemos fundar a Tenda São Jerônimo e seu dirigente acaba de chegar."

O senhor Pessoa ficou muito surpreso, pois era desconhecido no ambiente e não anunciara a sua visita. Viera apenas verificar a veracidade do que lhe narravam. Após breve diálogo em que o Caboclo das Sete Encruzilhadas demonstrou conhecer a fundo o visitante, José Alvares Pessoa assumiu a responsabilidade de dirigir o último dos sete templos que a entidade criava.

Dezenas de templos e tendas, porém, seriam criados posteriormente, sob a orientação direta ou indireta do Caboclo das Sete Encruzilhadas.

Em 1939, o Caboclo das Sete Encruzilhadas determinou a fundação de uma Federação (posteriormente denominada de União Espírita de Umbanda do Brasil, segundo relata Seleções de Umbanda n.º 7 1975) para congregar templos Umbandistas e ser o núcleo central deste culto, no qual o simples uniforme branco de algodão dos médiuns estabelece a igualdade de classes e a simplicidade permitida pelo ritual.

Enquanto Zélio esteve encarnado foram fundadas mais de 10.000 tendas. Após 55 anos de atividades este entregou a direção dos trabalhos da Tenda Nossa Senhora da Piedade à suas filhas Zélia e Zilméia. Mais tarde junto com sua esposa Maria Elizabete de Moraes, médium ativa da tenda e aparelho do Caboclo Roxo fundou a cabana de Pai Antônio no distrito de Boca do Mato, município de Cachoeiras do Macacu – RJ.


† Zélio Fernandino de Moraes desencarnou no dia 03 de Outubro de 1975. †


A cerimônia fúnebre de Zélio foi celebrada por Pai Ronaldo Linares a pedido de seus familiares.
Suas filhas deram continuidade ao trabalho e a “Tenda Nossa Senhora da Piedade” existe até hoje sob a direção de Zilméia de Moraes.

Nesta história temos o fato histórico da primeira manifestação da Umbanda, o momento em que um Caboclo manifesta-se em uma vertente diferente das conhecidas afro-brasileiras.

Pois é, Caboclos e Pretos Velhos já se manifestavam nos terreiros de Catimbó, de Macumba Carioca e outros. Ficou a cargo do Caboclo Sete Encruzilhadas a separação do joio e do trigo. As manifestações espirituais começaram a se focar na Umbanda, o que facilitou a criação de sua identidade.

Alguns estudiosos defendem que a origem da Umbanda não seria no Brasil, e sim uma ramificação de outros cultos africanos, outras linhas de estudos apontam que ela se originou na Lemuria e Atlântida, vindo a se reapresentar no Brasil na data citada.

Veja o que Pai Ronaldo Linares, Sacerdote de Umbanda e presidente da Federação Umbandista do Grande ABC, comenta numa entrevista concedida a TV Umbanda Sagrada, ressaltando que Pai Ronaldo conviveu com Zélio, o qual o delegou a função de fazer ser conhecida a história do nascimento da Umbanda.

“- Há um pouco de desinformação, também houve um tempo em que se quis “branquear” a Umbanda, levando a crer que ela se originaria do Hinduísmo, ou do Egito Antigo, enfim… Porém eu fiz uma pesquisa séria aliada a outras e ao que tudo indica não existia nenhuma tenda ou segmento religioso que usasse o nome Umbanda antes de 1908. A Umbanda é um pouco negra, um pouco indígena, um pouco branca, temperada com tudo o que faz parte do povo brasileiro.

O vocábulo Umbanda é africano, e daí? Se 50% da população brasileira é negra e mistos?

Não creio na teoria da Umbanda quadrimilenar, pra mim, Umbanda é o Preto Velho, o Caboclo e a Criança, como ensinou Papai Zélio…”

Pratique Umbanda pela Umbanda e isso basta.
Parabéns Pai Zélio que lá de Aruanda deve se emocionar com este belo exército branco de Oxalá que honra o seu trabalho.

 
Saravá Umbanda!
 

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Caboclos, Africanos e Kardecismo


O texto abaixo é de Lourenço Braga, um dos pioneiros na literatura Umbandista, publicou em 1942 o livro “Umbanda e Magia Branca – Quimbanda Magia Negra”. Coloco abaixo uma passagem deste título, que nas palavras deste autor, faz confirmar que se trata de uma discussão antiga e atual, fundamental desde os primórdios da religião. Afinal com relação a alguns assuntos pouca coisa mudou na Umbanda ou melhor na sociedade, conquistamos algum espaço mas continuamos com algumas síndromes e vivendo, ainda, o desconforto da ignorância,por conta de boa parte da população que desconhece que a Umbanda seja uma Religião Brasileira e que seu objetivo maior é o Bem e a “Manifestação do Espirito para a pratica da Caridade”, como bem definiu Zélio de Moraes, O Pai da Umbanda, o Primeiro Umbandista. Creio mesmo que se deveria ensinar nas Escolas “História das Religiões” ou “Teologia Comparada”, para que, sem “catequisação”, doutrinação, se tivesse um mínimo de informação sobre religiões num contexto geral e sobre as religiões afro-indigenas num contexto especifico, e Umbanda para ser mais especifico ainda. Sem esquecer de Xamanismo, Feitiçaria, Pajelança, magia e etc. (Comentário feito por Alexandre Cumino)
“Trecho de um artigo que publiquei (Lourenço Braga) na “A Vanguarda” do dia 11 de março de 1941, em resposta a um outro artigo onde um conforme Kardecista dava a entender que o espírito caboclo ou de africano não podia ser guia nem protetor de médiuns ou de Centros”.
Deus, a Natureza, o Absoluto, enfim co­mo queiram entender, é, como todos sa­bem, sumamente justo, bom miseri­cor­dioso, onipotente, onisciente, etc, etc. Dito isto pergunto agora aos senhores Karde­cistas – qual a condição para um espírito ser guia ou protetor? Todos responderão naturalmente: Ter luz! Pergunto: Qual é a condição para um espírito ter luz? Todos responderão: Ter virtude, isto é, ser sim­ples, bom, carinhoso, humilde, piedoso, etc, e não ter ódio, inveja, orgulho, ciú­me,maldade, vaidade, avareza, etc. Pergunto ainda: Ter virtudes é privilégio da raça branca? Se é privilégio, então che­gamos ao absurdo de admitirmos Deus como sendo injusto por ter criado uma raça privilegiada. Se, porém, não é pri­vilégio das criaturas da raça branca, pois que Deus é sumamente justo, poderão, portanto, as criaturas das outras raças possuir virtudes também e assim, depois de desencarnada, ter luz e ser guia ou protetores de pessoas ou Centros.
É preciso não confundir luz intelectual com luz provinda da evolução espiritual, bem diferente uma da outra!
Digo mais, um espírito reencarna-se numa tribo de caboclos ou de selvagens africanos, como missionário, isto é, para levar àqueles no meio dos quais reen­car­nou, uma certa soma de conhecimentos. Quan­do ele desencarnar é um espírito de luz, porquanto luz bastante já possuía, tanto que reencarnou como missionário e nin­guém poderá dizer que ele não foi africano ou caboclo em sua ultima reencarnação.
Sabem muito bem todos os Kardecistas que os espíritos tomam a forma que querem e assim sendo, nada impede que os espíritos de luz, por afinidade, se agrupem em fa­langes para praticar o bem e tomem a forma de caboclos, africanos, etc, ou para pra­ticar o mal, se forem inferiores, e tomem a forma de bichos e outra qualquer.
Como sabeis a Terra é um planeta de trevas, expiações e sofrimentos e nós que aqui habitamos estamos sujeitos a sofrer as conseqüências do meio, mesmo porque somos imperfeitos, assim sendo, o mal predomina neste planeta e dessa forma no meio ambiente terreno, existem ca­madas fluídicas pesadas, formadas umas pelos nossos pensamentos e outras pelos fluídos dos espíritos sofredores e trevosos.
Justamente para combater o mal e dissipar as camadas densas de fluidos pesados, e mais ainda, para encaminhar os irmãos desencarnados que se acharem mergulhados em trevas ou sofrimento, é que uma grande quantidade de espíritos já evoluídos agruparam-se em falanges, por afinidades, e tomaram as formas hu­mildes de caboclos, africanos e outros ma­is, notando-se que possuem luzes de variadas cores, tais como sejam: roxa, rosa, alaranjada, verde, dourada, pratea­da, amarelas e outras intermediárias, sendo que os chamados espíritos quimbandeiros possuem luz vermelha.
Texto extraído do livro “Umbanda e Magia Branca – Quimbanda Magia Negra” de Lourenço Braga -Edições Spiker – 1942.

domingo, 25 de agosto de 2013

Festa de Êres

Como o umbandista pode evoluir


A Umbanda é uma religião que estimula o autoconhecimento, a humildade, a disciplina, a caridade, a fé, a união e a paz mundial, alicerçada, entre outros, na comunicação entre encarnados e desencarnados, em busca do progresso, motivando o ser humano a uma busca infinita pela própria evolução. A Umbanda é uma religião de fatos concretos, situações verdadeiras e sentimentos claros.
Reconstituindo e recuperando as esferas astrais em busca de equilíbrio entre todas as formas de vida. A umbanda é uma religião de amor. Amor ao próximo e a todas as formas de vida, que cumpre seu objetivo de religar. Religar os seres em evolução, compostos por encarnados e desencarnados a Olorum.
Para isso, Ele nos envia Seus prepostos. Esses prepostos divinos têm claro sua missão Divina e, através dos limites determinados pelo astral, trabalham incansavelmente e incessantemente, começando pelo necessário autoconhecimento, depois caminham para o possível, dentro das limitações humanas, para modificar comportamentos, aprimorar pensamentos, purificar sentimentos.
Quando um espírito de luz irradia em direção a um encarnado, visando a melhoria da sua essência, às vezes, há resistência em absorver, aceitar e realizar as mudanças necessárias para a continuidade do processo evolutivo, porém, com a ajuda de outros espíritos de luz, encarnados, o ser humano se distancia dos sentimentos inferiores e assume a doutrina, o ensinamento, o sentimento vivenciado e, assim, se fecha, se protege contra a investida do baixo astral.
O médium umbandista, necessariamente, precisa conhecer sua personalidade, seu caráter, seus limites, sua história, seus percalços, qualidades e defeitos, porém, buscando sempre o aprimoramento diário, a busca pelo verdadeiro conhecimento e pelo correto desenvolvimento espiritual. Lembrando sempre que, a projeção das qualidades raramente é feita entre humanos, já a transferência das falhas e defeitos sempre ocorre.
Dessa forma, caso o médium não esteja vigiando, com atenção absoluta, corre o risco de absorver as mazelas humanas como sendo características pessoais, caindo no negativismo do outro e tornando-se presa fácil para as investidas das trevas. A treva nada mais é do que o próprio inferno criado pelo ser humano através da sua própria incapacidade de lidar com os sentimentos negativos que o envolvem e fazem parte desse planeta de provas e expiações.
Quando o ser humano se permite adotar conceitos, valores, sentimentos e pensamentos contrários às determinações das Leis Divinas, ele cai nas trevas da ignorância e se deixa abater e dominar pelo baixo astral, tornando-se, até que arrependa dos seus erros, se cure e se reequilibre, representante, às vezes, inconsciente, das trevas e não mais mensageiro ativo e pensante do Pai Oxalá. Esses mensageiros do amor enviados por Pai Oxalá são estrelas pequeninas que refletem, realçam o brilho do sol e iluminam os caminhos nas trevas. Gotas de luz, criadas, conduzidas e governadas por Pai Olorum que direcionam seus assistidos a cumprirem suas missões. Caberá a nós, umbandistas, fazermos essa ponte. Sem nos cansarmos de orar sempre, pedindo ao Pai esclarecimento, direcionamento, evolução e capacidade para lidar e aprimorar corações desequilibrados e vigiar.
Vigiar as investidas do baixo astral, suas artimanhas e armadilhas, ferindo sentimentos e buscando novos corações feridos e desamparados da existência de Olorum e da fé que não remove montanhas, mas remove seres descomunais do inferno em busca da evolução através do respeito e execução da lei maior. Ora, se o umbandista não tiver condições racionais, emocionais e espirituais para identificar uma investida do baixo astral, pedir ajuda ou lutar contra ela, recolhê-la, curá-la e encaminhá-la ao seu lugar de merecimento, livrando a si próprio e ao semelhante das suas garras sutis, envolventes, enganadoras e cruéis, qual então é o nosso papel em todo esse contexto: Autoconhecimento? Autopreservação? Poder? Favorecer os mais próximos?
Se forem esses os nossos propósitos, não nos podemos considerar umbandistas e sim, simpatizantes, usuários, demagogos, ou ainda, enganadores, pois, o papel do umbandista na sociedade espiritual é a construção, ou melhor, a reconstrução da esfera espiritual, buscando o equilíbrio, a felicidade e a melhoria de todos os seres, a cura de todos os enfermos, a evolução de todos os espíritos. Essa sim é a verdadeira função da Umbanda na sociedade espiritual e, não somente, o resgate, a cura e a evolução de si próprio e dos seus afins.
A lei da afinidade nos mostra que ela existe para nos capacitar a identificar os espíritos que farão parte da nossa convivência, que farão parte da nossa caminhada evolutiva. A lei da afinidade não está escrita para nos separar, nos desabilitar ou nos impedir de ajudar, encaminhar, orientar, curar e amar os desequilibrados e incapazes de uma avaliação correta do significado e das maravilhas previstas nas leis divinas.
Para esses existem escolas astrais que os conduzirão e ensinarão os caminhos que devem seguir, mas se os umbandistas não estiverem atentos e não conseguirem absorver as leis ditadas pelo Pai Maior, não terão condições de orar verdadeiramente e vigiar atenta e corretamente suas próprias atitudes, seus próprios pensamento e seus próprios sentimentos e, dessa forma, não conseguirão ajudar nem a si próprios quem dirá aos famintos de conhecimento, amor, caridade e luz. Amai, orai e vigiai sempre e, assim, poderá se denominar Umbandista, mensageiro do amor e da luz de Pai Oxalá, pois cumprirá sua missão evolutiva nas leis do Pai Olorum.
Que Pai Oxalá nos abençõe, guie nossa jornada e nos cubra com o Seu manto Sagrado

sábado, 24 de agosto de 2013

Salmo 23 na versão da Umbanda



"Águas tranquilas de Nanã Buruquê"
O Salmo 23, também conhecido como Salmo de Davi, é uma dos mais populares entre as muitas preces que nos foram legadas pela Bíblia. Esse belo texto, que expressa a fé incondicional em Deus, ganhou uma versão na Umbanda. Assim, trazemos para o amigo e a amiga dos Caminheiros essa mensagem e desejamos que você, sob a proteção de Olorum, Oxalá e todos os Orixás, tenha uma semana radiante, cheia de alegria e realizações.

Salmo 23 [verão da Umbanda]


Oxalá é meu Pastor, nada me faltará!
Deitar-me faz nos verdes campos de Oxossi
Guia-me Pai Ogum mansamente
nas águas tranquilas de Nanã Buruquê
Refrigera minha alma Pai Obaluaê
Guia-me mãe Iansã pelas veredas da justiça de Pai Xangô
E ainda que eu ande pelo vale da sombra e
da morte de Omulú não temerei mal algum,
porque Zambi está comigo
Pois o cajado de Oxalá é meu guia na direita e na esquerda
Me consola mamãe Oxum
Prepara uma mesa cheia de vida para mim, oh mãe Iemanjá
Exú e Pomba Gira afaste de mim os inimigos da caminhada
Unge a minha coroa com o óleo consagrado de Olorum
E o meu cálice que é meu coração transborde
com a pureza de Ibejada
E certamente, a bondade e a misericórdia de Oxalá
estarão comigo por todos os dias de minha vida!