segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A MEDIUNIDADE EM AÇÃO


Mas como poderão os médiuns realizar, de forma satisfatória, a tarefa
ingente que lhes cabe?
Se o grau de evolução de todos os médiuns fôsse o mesmo, o problema se
resumiria a condições puramente objetivas, mas, como tal não se dá, e
justamente devido às diferenças, muitas vêzes profundas, que existem entre
uns e outros, somente podemos responder apresentando regras de caráter
geral, apontando circunstâncias de natureza e necessidade comuns; por outro
lado neste particular deve-se ter em conta, também, o livre-arbítrio individual,
as inclinações naturais de cada um e ainda a orientação, que todos devem
receber, de seus próprios protetores espirituais.

O AMBIENTE ADEQUADO

Depois que tenha realizado o desenvolvimento de suas faculdades
psíquicas, em círculos idôneos, deve o médium devotar-se, no ambiente que
lhe fôr próprio, ao exercício pleno de sua relevante tarefa.
O desenvolvimento, como já temos dito e repetido, visa não só a livre e
desembaraçada manifestação das faculdades mediúnicas, pelo treinamento e
sujeição educacional a que o médium fôr submetido, como e principalmente, o
aprimoramento moral que se consegue pelo refreamento das paixões inferiores
e dos impulsos instintivos, como pela obtenção das virtudes que dignificam e
exalçam a natureza humana.
Dêsse desenvolvimento, pois, surgirá o homem novo do Evangelho,
armado de um alto idealismo, que imprimirá a todos os seus atos uma
expressão de marcada espiritualidade.
O ambiente próprio será aquele que corresponda ao grau e a posição que o
médium ocupa na hierarquia social, devendo-se evitar que se desloque dos
meios de vida e das profissões usuais. O que desempenha papel modesto, em
esfera humilde, aí mesmo é que terá melhores oportunidades de um trabalho
proveitoso, porque nesse meio é que se sentirá mais à vontade, terá mais
autoridade, agirá com mais desembaraço e será melhor compreendido.
Se um médium analfabeto, por exemplo, tiver que trabalhar para uma
assistência de intelectuais, em se tratando de incorporação, consciente ou
semi-consciente, os resultados serão medíocres e haverá, de parte a parte,
incompreensões e constrangimentos; o mesmo entretanto não sucederá se o
fizer em ambiente que lhe corresponda, quando, então, poderá realizar trabalho
de grande proveito e de satisfação recíproca.
Ainda exemplificando: se um médium de alta capacidade trabalhar para
uma assistência inculta e rude, será pouco compreendido e o trabalho não terá
a desejada repercussão ou consequências.
Isto todavia não impede que os médiuns em geral possam atuar, como
atuam, em quaisquer circunstâncias, independentemente dessas limitações
que, como sabemos, não são radicais ou inibitórias; como principio, entretanto,
acreditamos que os melhores resultados do trabalho mediúnico se obtêm
quando êste é realizado em ambientes afins e concordantes com a posição e a
capacidade intelectual e moral do médium.

FERMENTO QUE LEVEDA A MASSA

As grandes transformações do mundo não vieram de agentes materiais
porque êstes, em si mesmos, nada constróem. Somente o espírito concebe e
realiza. Por isso é imensa a fôrça da mediunidade, que é fôrça do espírito
levando para as coisas do espírito.
Por outro lado não sendo ela privilégio de classes, de fortuna, de cultura ou
de posição social, surge por tôda parte e a todo instante intervém na vida do
homem, no sentido espiritual; acessível a todos os entendimentos abre suas
portas a todos e está ao alcance tanto do pária como do soberano, porque não
depende de formalismos, rituais ou regulamentos.
Não está sujeita ao homem mas sujeita o homem.
Nos tempos apostólicos os enviados do Cristo se deslocavam muitas vêzes
a grandes distâncias, percorrendo caminhos ermos, vadeando rios caudalosos,
afrontando as intempéries naturais e a dureza dos corações humanos e isso
porque naquele tempo o conhecimento não era dado às massas e a revelação
não se havia generalizado; mas hoje a propagação das mesmas verdades é
feita por enviados que se movem no espaço invisível, que falam por portavozes
humanos espalhados para tôda parte.
Por isso ninguém mais poderá alegar ignorância derivada do isolamento e
os homens ou crêem ou deixam de crer, abraçam ou repelem a verdade,
segundo sua própria vontade, e podem, em consequência, assumir completa
responsabilidade dos seus atos.
* * *
Os médiuns são o fermento evangélico e sua tarefa é levedar a massa para
que o alimento se torne saudável e de fácil assimilação.
Atuando primeiro em si mesmos, pela indispensável reforma, agem em
seguida no círculo das famílias, parentes e conhecidos; depois movimentam-se
em âmbitos cada vez mais amplos, com aspectos cada vez mais coletivos,
ensinando, corrigindo, socorrendo, orientando e levam, por fim, sua ação
benéfica a limites extensos e imprevisíveis.
Dificilmente se pode calcular a extensão e as consequências do trabalho de
um bom médium!
Onde alcança e cessa o setor de um, começa o de outro e assim o
movimento se propaga silenciosamente, imperceptivelmente, vamos dizer,
subterrâneamente, atingindo grande parte da sociedade.
À medida que os dias se passam o número de médiuns aumenta:
milhares ainda aguardam a sua vez de entrar na liça e outros milhares estão
ainda encarnando como reservas a serem utilizadas, oportunamente, na
grande batalha da espiritualização da humanidade.
Os médiuns são auxiliares poderosos dessa espiritualização porque, em
grande parte, ela resulta do próprio exercício de suas faculdades; são seus
agentes legítimos por serem elementos naturais do intercâmbio com o mundo
invisível; oferecem, assim, aos homens encarnados, viventes nas trevas ou na
meia luz, as chaves mestras que abrem as portas do verdadeiro conhecimento
espiritual.
Quando adquirirem faculdades evoluídas, que permitam contacto com os
Espíritos superiores, se transformarão em colaboradores autorizados da
harmonia social, concorrendo com seus conselhos para a estabilidade dos
lares e das instituições, porque tomarão parte na educação e na moralização
do povo suprindo, os Espíritos superiores que por êles falam, as deficiências
próprias do Espírito humano encarnado.
Mas, para gozarem dessa autoridade, serem dignos de tais poderes, devem
viver uma vida reta, orientada pela mais elevada moral porque, assim, o que se
propagar será conforme a verdade, inspirará confiança, afastará confusões,
duplicidades, charlatanismo, mistificações.
Dos Espíritos superiores é que poderão vir para o mundo as verdades
maiores e as únicas autênticas.
Inserimos os seguintes conceitos do venerável Irmão Bezerra de Menezes:
“Mediunidade com Jesus é serviço aos semelhantes.
Desenvolver êsse recurso é, sobretudo, aprender a servir.
Aqui, alguém fala em nome dos espíritos desencarnados; ali, um
companheiro aplica energias curadoras; além um cooperador ensina o roteiro
da verdade; acolá, outrem enxuga as lágrimas do próximo, semeando
consolações. Contudo, é o mesmo poder que opera em todos. É a divina
inspiração do Cristo, dinamizada através de mil modos diferentes por reerguernos
da condição de inferioridade ou de sofrimento ao título de herdeiros do
Eterno Pai.
E nessa movimentação bendita de socorro e esclarecimento, não se
reclama o título convencional do mundo, qualquer que seja, porque a
mediunidade cristã, em si, não colide com nenhuma posição social,
constituindo fonte do Céu a derramar benefícios na Terra, por intermédio dos
corações de boa vontade.
Em razão disso, antes de qualquer sondagem das fôrças psíquicas, no
sentido de se lhes apreciar o desdobramento, vale mais a consagração do
trabalhador à caridade legítima, em cujo exercício tôdas as realizações
sublimes da alma podem ser encontradas.
Quem desejar a verdadeira felicidade, há de improvisar a felicidade dos
outros; quem procure a consolação, para encontrá-la, deverá reconfortar os
mais desditosos da humana experiência.
Dar para receber.
Ajudar para ser amparado.
Esclarecer para conquistar a sabedoria e devotar-se ao bem do próximo
para alcançar a divindade do amor.
Eis a lei, que impera igualmente, no campo mediúnico, sem cuja
observação, o colaborador da Nova Revelação não atravessa os pórticos das
rudimentares noções de vida eterna.
Espírito algum construirá a escada de ascensão sem atender às
determinações do auxílio mútuo.
Nesse terreno, portanto, há muito que fazer nos círculos da doutrina Cristã
rediviva, porque não basta ser médium para honrar-se alguém com as bênçãos
da luz, tanto quanto não vale possuir uma charrua perfeita, sem a sua
aplicação no esfôrço da sementeira.
A tarefa pede fortaleza no serviço com ternura no sentimento.
Sem um raciocínio amadurecido para superar a desaprovação provisória da
ignorância e da incompreensão e sem as fibras harmoniosas do carinho
fraterno, para socorrê-las, com espírito de solidariedade real, é quase
impraticável a jornada para a frente.
Os golpes da sombra martelam o trabalho iluminativo da mente por todos os
flancos e imprescindível se torna aos instrumentos humanos das verdades
divinas armar-se convenientemente na fé viva e na boa vontade incessante, a
fim de satisfazer aos imperativos do ministério a que foi convocado.
Age, assim, como isenção de ânimo, sem desalento e sem inquietação, em teu
apostolado de curar.
Estende as tuas mãos sõbre os doentes que te busquem o concurso de
irmão dos infortunados, convicto de que o Senhor é o Manancial de tôdas as
Bênçãos.
O lavrador semeia, mas é a bondade Divina que faz desabrochar a flor e
preparar-se o fruto. É indispensável marchar de alma erguida para o Alto,
vigiando, embora, as serpentes e os espinhos que povoam o chão.
Diversos amigos se revelam interessados em tua tarefa de fraternidade e
luz e não seria justo que a hesitação te paralizasse os impulsos mais nobres,
tão-somente porque a opinião do mundo te não entende os propósitos, nem os
objetivos da esfera espiritual, de maneira imediata.
Não importa que o templo seja humilde e que os mensageiros compareçam
na túnica de extrema simplicidade.
O Mestre Divino ensinava a verdade à frente de um lago e costumava
administrar os dons celestiais sob um teto emprestado; além disso, encontrou
os companheiros mais abnegados e fiéis entre pescadores anônimos,
integrados na vida singela da natureza.
Não te apoquentes, meu irmão, e segue com serenidade.
Claro está que ainda não temos seguidores leais do Senhor sem a cruz do
sacrifício.
A mediunidade é um madeiro de espinhos dilacerantes, mas com o avanço
da subida, calvário acima, os acúleos se transformam em flôres e os braços da
cruz se convertem em asas de luz para a alma livre na eternidade.
Não desprezes a tua oportunidade de servir e prossegue de’ esperança
robusta.
A carne é uma estrada breve.
Aproveitemo-la sempre que possível na sublime sementeira da caridade
perfeita.
Em suma, ser médium no roteiro cristão ‘é dar de si mesmo em nome do
Mestre. E foi Êle que nos descerrou a realidade de que somente alcançam a
vida verdadeira aquêles que sabem perder a existência em favor de todos os
que se constituem seus tutelados e filhos de Deus na Terra.
Segue, pois, para diante, amando e servindo.
Não nos deve preocupar a ausência de alheia compreensão. Antes de
cogitarmos do problema de sermos amados, busquemos. amar, conforme o
amigo Celeste nos ensinou.
Que Ele nos proteja, nos fortifique e abençoe.”

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