Jequié
in: O Rosário do Prêto Velho
Editora Eco, 6º Edição, 1973
Vou te contar uma história
de um preto que nem carvão;
não venceu não teve glória,
nessa nossa encarnação.
Preto-Velho foi escravo.
Seu companheiro? um chicote.
Conheceu bem cedo o travo
de ser vendido num lote.
Apanhou, foi castigado,
sem motivo, sem razão.
Seu crime? ficar cansado
de carregar um grilhão.
De manhã cedo, acordava
e dizia uma oração;
para quem o escravizava
pedia sempre perdão.
À noitinha, se deitava
moído de trabalhar.
Com a força da fé, rezava
e começava a sonha;
Sonhava com Jesus Cristo,
num mundo de liberdade;
num mundo de Bem, sem isto
que se chama de maldade.
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