domingo, 21 de julho de 2013

Viver o momento

Tenda de Umbanda Pai Benedito da Guiné
Fonte: Estrela Guia, Ano V, nº 178, 02.08.2008
Por Pai Benedito da Guiné

Nós devemos aproveitar o momento, pois ele nos
é muito importante. Para que possamos aproveitá-lo,
nós precisamos vivê-lo intensamente; a maioria das
pessoas não faz isso, não vive ou vive parcialmente o
momento.
Se você não se entrega totalmente aos seus
momentos, é porque tem uma autodefesa muito grande,
provocada por uma série de fatores psicológicos; você
não se permite viver seus momentos como deveriam ser
vividos: com largueza. Por exemplo, nas nossas reuni-
ões, eu estou aqui e vivo este meu momento; sinto-me
muito bem na presença de quem freqüenta esta Casa,
porque gosto de quem busca melhorar a sua própria
conduta e está sempre disposto a exprimir-se agrada-
velmente através do seu sorriso satisfeito. Ora, é natural
que isso me faça bem.
Difícil é conviver com uma pessoa que tenha a
expressão fechada, que levanta de manhã  revoltada
porque, nos seus sonhos, esteve em mundos totalmente
diferentes daqueles em que convive e fica revoltada
com a vida que leva. Ela gostaria de levar uma vida
suntuosa, com conforto material de todo tipo. Ao perce-
ber que todos esses sonhos materialistas não fazem
parte da sua realidade, ela  acorda de manhã cedo
revoltada, entristecida, acabada. Através da convivência
como companheira(o), esse sentimento pessimista con-
tagia para você, e você passa a viver metade da vida
dela(e). O que falta àquele(a) irmão(ã) derrotista é o
conhecimento.
É preferível acordar pela manhã com alguém que
desperta cantando, abre a janela do quarto, respira
aquele ar gostoso, e agradece ao Senhor Deus pela
oportunidade de esperar o sol raiar. É magnífico viver
intensamente o momento.

É preciso conhecer Deus, porque Ele vai propor-
cionar-lhe todo o entendimento do coração. Agradeça
ao Pai pelos momentos de riqueza íntima que você
recebe e coloque-O à frente a tudo o mais, na sua vida;
primeiro Deus, depois o seu filho, o seu pai, o seu ir-
mão, ou outra pessoa de sua preferência. O correto e o
natural é isso; afinal, Deus é o criador, é o dono de tudo.
Muitos acreditam que Deus deveria fazer isso ou
aquilo para eles, e O tratam como empregado. Fazem
isso por falta de conhecimento.
Tudo o que se recebe está enquadrado dentro do
merecimento. Por exemplo, se o dinheiro lhe fará mal,
por que Deus haveria de lhe dar? Sem o devido prepa-
ro, o dinheiro não lhe permitiria um aproveitamento espi-
ritual condizente com o compromisso que você assumiu
no mundo espiritual: “Eu quero encarnar na Terra, mas
eu quero ter um aproveitamento de cem”. Contudo, se
você tiver dinheiro, o seu aproveitamento vai ser de
apenas um, porque o seu orgulho crescerá, e junto virá
o egoísmo, a usura, desenvolvendo um raciocínio muito
materialista; tudo isso causado pelo desconhecimento
de Deus.
Precisamos estipular uma ordem razoável de va-
lores; costumamos valorizar coisas sem valor, como
prazeres passageiros e confortos materiais. Aquilo que
eu proponho é uma conduta espiritual que têm valor
eterno; para ela é que precisamos olhar com mais cari-
nho, porque amanhã estaremos no mundo espiritual
para a vida eterna.
Tem mais valor ir a um passeio, à praia, a uma
festa ou participar de um trabalho caritativo, e ouvir a
mim, ou ao Pai André, podendo ganhar uma flor do Pai
Julião? Estas são oportunidades raras, que poucos têm
nesse mundo. Tanto isso é verdade que eu sempre digo
que você terá muitas saudades desses momentos que
passamos juntos; não pela minha presença, mas pela
presença de Deus que está dentro do meu coração. Ele
está dentro do seu também, e poderia estar preenchen-
do integralmente o seu coração, bastando que tivesse
fé. Essas oportunidades se tornam cada vez mais raras,
porque a situação social do mundo está cada vez mais
complicada, dificultando muito a nossa convivência.

“Você pode desejar viver até os
noventa ou cem anos; se Deus não
quiser o mesmo?”


A boa música não está para todos os ouvidos,
mas  para os bons ouvidos. Os valores do mundo
estão muito distorcidos, de acordo com os interesses da
comodidade material; não deveriam estar assim.
Você pode desejar viver até os noventa ou cem
anos; se Deus não quiser o mesmo? Se for viver até
amanhã,  poderá contar com os depósitos que você
fez até hoje, porque a oportunidade do amanhã  não
existirá mais. Se até hoje o caixa do banco da Divina
Providência tiver depósitos suficientes, está tudo certo,
mas se ela não tiver depósitos registrados, será um
“Deus-nos-acuda”! O caixa deste banco  faz “blim-
blim” quando nós praticamos uma boa-ação, e é muito
triste quando não  saldo positivo nesta conta.
Então nós devemos praticar mais boas-ações, o
que pode ser tolerando mais aquele(a) companheiro(a)
desagradável, tolerando mais aquele momento de um
cumprimento social que nos incomoda, sendo mais
versátil (o que não significa ser hipócrita), aceitando
mais a opinião do próximo. Enfim, existe uma gama de
gestos que lhe permitem fazer o depósito.
Por isso é que eu digo que, se você tem mais do
que precisa, é por que você está roubando do seu pró-
ximo. Deus não  prioridade para alguém. “Ah! Mas ele
é o senhor Fulano de Tal, uma importante autoridade!”.
Ele não é prioritário em nada; ele pode ser essa autori-
dade aqui nesse seu mundo, que é rasteiro; é preciso
saber se ele é assim no mundo espiritual. Esta Casa de
Caridade  atendeu papa e cardeal, na condição de
espíritos sofredores.
Quando morre alguém que a sociedade conside-
ra expoente e boa, tem gente que faz até novena em
favor dela. Mas, quando morre alguém espiritualmente
elevado, ninguém fica sabendo, e não faz falta.

“É no Senhor Jesus que você vai
buscar a forma de ser feliz”

Tendências e auto-obsessão
Todos têm tendências dentro de si; observe as
suas atitudes ou as suas emoções. Quando se diz que
alguém tem um dom, na verdade não se trata de um
dom, mas de uma tendência para aperfeiçoar certa
habilidade.
As tendências estão muito ligadas às necessida-
des espirituais. Por exemplo, eu conheci uma pessoa
que veio a este mundo com a missão de transmitir co-
nhecimentos ao próximo, mas um conhecimento fortifi-
cado por Deus, e não apenas difundir um conhecimento
intelectual. O intelecto, aqui da Terra, é muito pobre,
porque o que aqui se considera bonito é o que é bonito
por fora, e a pessoa se deslumbra com o que vê. Como
ele  tinha uma tendência de escrever, pois, através da
sua necessidade espiritual,  veio com essa missão, ele
começou a escrever, e viu que tinha a facilidade de
transmitir o seu entendimento para o próximo. Mas ele
usou essa ferramenta para propagar os seus defeitos; a
maioria erra assim.
Existem, por exemplo, os escritores que são pes-
simistas, e aqueles que são muito otimistas; não podem

existir esses exageros, pois tudo depende de equilíbrio.
Por falta disso que existe a auto-obsessão.
As auto-obsessões são causadas pelos recal-
ques e pelas frustrações, e são adquiridas na infância,
levando a tendências como, por exemplo, à austeridade.
São tendências que conflitam com a humildade, com os
ensinamentos cristãos. Para você ser feliz, viva confor-
me o Senhor Jesus, faça o que Ele ensinou, pois essa é
a maneira mais normal e fácil.

Missões de recuperação
Quando eu falo em felicidade, não me refiro ao
dinheiro ou ao conforto material que ele dá, e sim ao
conforto espiritual, que é aquele que você quer, mas
não sabe onde buscar. É no Senhor Jesus que você vai
buscar a forma de ser feliz. É na procura por segui-Lo
que você terá uma conduta que lhe permitirá não ter
remorso, quando retornar ao mundo espiritual; você não
se julgará culpado, dizendo: “Eu poderia ter feito e não
fiz. Fui  para isso, poderia ter feito, e não fiz. Agora eu
sou obrigado a recuperar”.
É justamente por esse motivo que eu venho a es-
ta casa para ensinar; saio do meu mundo e venho aqui
para consertar todo o pessimismo que transmiti no pas-
sado, apesar de todas as doenças que tive. Eu fui doen-
te, mas consegui passar muitos conceitos que até hoje
ainda perduram na vida de muita gente. É por tudo isso
que venho à Terra.
-- Mas é tão ruim vir a esse mundo...
É tão ruim que eu não posso vir sozinho a esta
Casa, porque os perigos são iminentes, são perigos de
toda sorte. Eu não chego aqui se não atravessar todas
as dimensões que nos separam. Suponha que eu more,
por exemplo, na décima segunda dimensão; então te-
nho que atravessar a décima primeira, e todas as se-
guintes, que ainda estão em função da Terra, para che-
gar à terceira ou quarta dimensão, onde você está. So-
mente depois da décima segunda dimensão que não se
está mais em função de Terra,  são espíritos de uma
evolução maior.
Como eu tenho missão aqui, preciso vir atraves-
sando uma e outra; a cada dimensão que atravesso,
tenho que mudar de roupa. Em duas ou três dimensões,
sou loiro de olhos azuis, em outra eu sou japonês, da
raça amarela;  me passei por índio, e nesta casa sou
um preto velho. Ultimamente estou deixando de ser
assim, porque falo um português correto, pois acho
mais fácil me expressar assim.
Neste mundo temos dificuldades para falar, para
transmitir os conceitos, e de que forma percebê-los; eu
vejo em você pensamentos e tendências de todo tipo,
que não são bons, mas são os melhores, pois provêm
daqueles que estão na Casa de Deus. Isso tudo se
choca muito com a realidade que convivo, no mundo
espiritual onde moro, e precisei aprender a me vestir de
tal forma que não transpareça a diferença evolutiva, e
choque ainda mais.
É muito difícil conhecer o íntimo de cada um; 
de falar aqui, eu  sei onde estão as suas tendências, e
que forma elas têm.
Não se deixe levar por um íntimo cheio de confli-
tos, procure o âmago das questões filosóficas e teológi-
cas; elas lhe apresentarão uma grande chance de você
harmonizar-se consigo próprio, porque o seu principal
inimigo é você.
Não saber o futuro é uma coisa muito boa. Ima-
gine se eu fosse olhar e falar o futuro de cada um; isso
alteraria a sua vida, porque lhe falta percepção, lhe falta
entendimento. Se eu lhe falar alguma coisa que possa
interferir na sua missão, na sua vida, isso lhe causaria
tristeza e uma série de perturbações psicológicas, devi-
do aos valores que você carrega; por isso eu não posso
lhe falar.
A maioria não sabe que nós, seus amigos espiri-
tuais, sabemos o seu íntimo; eu sei de coisas sobre
você que você não sabe, então preciso medir tudo o
que falo, para não falar sobre o futuro, porque não que-
ro interromper o passo normal da sua vida. Entretanto,
preciso alertá-lo(a) quanto à construção de uma vida
melhor, de um convívio melhor, para melhorar o apro-
veitamento espiritual. Você deve depurar a sua percep-
ção, porque este é o caminho, e deve agradecer a Deus
pela chance de estarmos juntos.
Tudo isso está em Deus; aprenda sobre Ele, que
não precisará mais das minhas palavras. Eu sou muito
pequenino, e  trago o que está nos livros e na nature-
za, para todo aquele que quiser aprender; os seus olhos
podem não enxergar, mas está aí.
O progresso não  saltos, mas, apesar de avan-
çar passo a passo, não retrocede. Ele alcança, paulati-
namente, os patamares de conforto espiritual mais ele-
vados. O meu desespero está exatamente nesta veloci-
dade evolutiva, e vejo o quanto sou falho; eu, como
enxergo um pouquinho mais do que você, observo que
muitos, por mais que me escutem falar, não encontram
motivos suficientes para mudar de conduta. Então, o
que vai acontecer? A misericórdia de Deus certamente
baterá à porta.
Analise a sua situação. Quantos anos você tem?
Quantos você ainda espera viver neste mundo? Você
acredita que esses anos que ainda lhe restam serão
suficientes para atingir um nível espiritual confortável?
Se, por mais que você se esforce, ainda não for sufici-
ente, peça ao Senhor Deus a Sua misericórdia. Com
certeza ela virá, e você atingirá aquele ponto evolutivo
desejado, que é aquele que você se propôs alcançar
quando saiu do mundo espiritual para mais esta encar-
nação. No entanto, quando esta misericórdia bate à sua
porta, você se desespera: “Meu Deus do céu! Mas eu
não poderia ter essa doença.”

Acontece, porém, é que a dor conseguirá entrar
dentro do casulo mental que você fez, por autodefesa.
Você não pode ficar estacionado onde a percepção não
alcança. Quando você estiver no estado de prostração,
que a dor proporciona, a percepção vai alcançar os
pontos mais delicados. De qualquer maneira, você vai
ter que conseguir ser humilde, porque não haverá saída.
Você vai adquirir virtudes como a humildade através
daquela doença; ela, para o espírito, é um remédio,
mas, para o corpo, é um horror.
Mas o Senhor Jesus é muito bom - o que é dife-
rente de ser “bonzinho”. Deus Pai criou as leis sem
atenuantes. O que é, é; o que não é, não é. Então, se
você sabe que o fogo queima, deve se desviar dele,
porque Ele não vai remendar a sua queimadura ou lhe
tirar a dor que ela provocou. O senhor Jesus, como é
muito bom, pode lhe tirar a dor da queimadura, se hou-
ver merecimento.

“Se, por mais que você se esforce,
ainda não for suficiente, peça ao
Senhor Deus a Sua misericórdia”

Os dois maiores momentos destas nossas reuni-
ões são a abertura dos trabalhos, e a hora em que fala-
remos com Deus. Esses dois momentos são cruciais
para o seu espírito, pois é quando você pode beber a
água viva de Deus, e são especialmente importantes
àqueles que não têm a oportunidade de poder bater na
porta do Senhor Jesus, e aproveitarão desses dois mo-
mentos em que se bate na porta.
Muitos vão embora antes, e têm todo direito a is-
so. Não critico nem incrimino, mas fico penalizado, pois
esses dois momentos são cruciais no destino da vida
deles; nesses dois momentos, os principais destinos de
uma vida são traçados. Perdem isso por uma questão
apenas de julgar que existe outra coisa melhor para
fazer.
Que Deus os abençoe!

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