terça-feira, 26 de novembro de 2013

Do Sagrado para a Sujeira!

Por Jorge Scritori
A Umbanda possui dentro das suas práticas e liturgias vários procedimentos que acabam tendo o seu destino externo ao Terreiro, ou seja, na rua! Não é necessário enumerar estes procedimentos, mas é bom lembrar os mais comuns: 
- Oferendas na natureza; 
- Despachos de materiais para descargas energéticas; 
- Consagrações e imantações de elementos: guias de conta, colares, etc;
Todos estes procedimentos podem sofrer alteração de acordo com a escola que o médium segue, mas existe algo que não muda em escola nenhuma: o hábito de abandonar os materiais nos locais do trabalho!
Aos irmãos que já mudaram esta postura, por favor, não se aborreçam; estou falando em relação aos que não mudaram! 
Pensando desta maneira, podemos entender que o nosso cartão de apresentação ou de visita é feio, bem feio. Matas queimadas, encruzilhadas emporcalhadas, comidas apodrecidas nas cachoeiras, portas de cemitérios fedendo, beira da praia intransitável e todo horror que se possa imaginar. 
Ha algumas semanas, estava transitando por uma avenida bem conhecida na zona leste de São Paulo (para ser mais exato eu estava na avenida Jacu-Pêssego), parado em um semáforo aguardando a sua abertura. Ao reparar no canteiro central, vi que uma criança se incomodava com algo, que ela chutava e dava risada. Foi aí que me dei conta que naquele pequeno perímetro estavam depositados um total de 9 alguidares, que pela decomposição e posicionamento foram colocados em dias diferentes…
A pergunta é: Porque que o nosso trabalho tem que se tornar o lixo para o outro?
Não se trata somente do outro irmão não religioso, mas de nós mesmos!
Quantas vezes você se incomodou de procurar um local para fazer oferenda e o mesmo já tinha sido usado e abusado, estava fedido e sujo?!  Já passei por isto inúmeras vezes e sei o quanto é complicado.  
Ok Jorge, você falou, apontou e demonstrou, mas o que pode ser feito?
Simples!
Devemos todos, sem exceção, repensar os nossos procedimentos externos antes que medidas legais sejam tomadas como ocorreu na região sul do Brasil, onde uma cidade abraçou uma lei de proibição de despachos nas encruzilhadas!
Por que não podemos colocar, aguardar e retirar?  Jorge, isto quebra o fundamento de alguns trabalhos e etc, etc, etc…
E que tal não ter local para fazer trabalho?  Que fundamentos teremos nisto?  
Que tal uma proibição dura e severa contra as nossas liturgias?
Não precisamos chegar a este ponto!
Se somos adeptos dos Orixás, que possuem a sua representação na natureza, porque temos que ser os primeiros a destruir, sujar, estragar e denegrir?  Alguns mais exaltados podem apontar: e os locais específicos destinados as nossas práticas?
Estes locais, pelo menos todos que conheço, são administrados por pessoas de extrema competência, mas a natureza não esta dando conta do recado. Não estamos deixando os pontos descansar e se renovar.  Por mais que se façam limpezas diárias nestes pontos, o grau de decomposição e comprometimento é muito grande, sendo assim, vamos cada um fazer a sua parte!
Segue abaixo um procedimento de trabalho externo adotado pelo Instituto Cultural Sete Porteiras do Brasil – I7.  Este procedimento não é obrigatório, se trata somente de uma sugestão que adotamos e recomendamos!

REGRA DE OFERENDA E PROCEDIMENTOS EXTERNOS
1) Pedir licença no ponto de força e a todos os seus intermediários (deixar algo ou pedir licença mentalmente);
2) Montagem da Oferenda;
3) Pedido, descarrego ou imantação/consagração;
4) Tempo de espera antes de retirar: de 15 a 25 minutos;
5) Recolhimento de todos os elementos sendo cada elemento separado de acordo com sua classe (vidro com vidro, fruta com fruta, etc) e cada um depositado no seu lixo de destino.
Um grande abraço irmãos!

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