terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Crônicas de um estagiário de Macumbeiro #03


GUIFE - UMBANDA
Na última gira, uma entidade me entregou uma vela e pediu que eu levasse ela na cruz das almas, na kalunga pequena. “Tudo bem”, pensei eu, e fui pra casa cantando a música do Seu João Figueira riscando o ponto na Caveira, ou algo assim.
Procurei a tal Cruz no tal bairro Kalunga, não achei nem um nem o outro. Então eu aproveitei que tinha que comprar uns pedacinhos de madeira branca (afinal, a entidade pediu que eu tivesse em casa alguns tocos) e perguntei na rua onde ficaria a tal da Kalunga, e me indicaram o shopping estação…

Chegando no shopping, segundo andar (já deixo aqui pra quem ainda não sabe), perguntei pelo Seu João Figueira, que me disseram que era guardião da tal da Kalunga. Ninguém conhecia, então supus que ele trabalhava em uma outra loja
O site com os endereços de várias kalungas tá aqui, apesar de nenhuma delas se chamar “pequena”:http://www.kalunga.com.br/lojas/endereco/parana/7.
Andei pra lá e pra cá procurando a tal da cruz, perguntando pros vendedores onde que o pessoal fazia as coisas pras entidades e talz. Além de me olharem estranho, as pessoas davam ombros, então cheguei à conclusão de que ninguém ia me falar porque vivemos em uma sociedade preconceituosa, e assim como eles embalam tudo em papel fosco nas lojas de Saravá Shop, ninguém falava sobre locais de despachos e tal.
Enfim, acabei escolhendo um canto da loja, acendi minha vela e comecei a cantar a música do seu João Figueira. Me arrastaram pra fora e chamaram a polícia, me acusando de tentativa de incêndio.
Daí eu me pergunto: tem como viver num país assim? Como é que tanta gente vai nessa tal de Kalunga e não recebe esse tratamento? Tenho certeza que é por isso que o seu joão foi ser guardião dessa tal de Kalunga, pro povo da Umbanda poder fazer suas coisas lá…
Da próxima vez, vou na kalunga grande, que me disseram que fica lá pro litoral. Pelo menos numa loja maior, fica mais difícil de me pegarem…
por Daniel Fauth Martins

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