sexta-feira, 7 de março de 2014

Incorporação: Mitos sobre a mediunidade

Fonte: http://www.colegiopenabranca.com.br/artigos2.html


Por Alexandre Cumino

    A Umbanda não possui dogmas, mitos e nem tabus, tudo deve ser explicado de forma clara. Mas ainda é possível ouvir disparates sobre Umbanda e sua mediunidade, dentro e fora dos terreiros de Umbanda. Desenvolver sua mediunidade não vai resolver todos os seus problemas. Todos temos problemas e dificuldades a serem vencidas. Querer desenvolver a mediunidade para que os seus problemas se resolvam é trocar o efeito pela causa, pois a razão maior para se desenvolver deve ser a vontade de aprender a lidar com o dom e se tornar um ser humano melhor, e o efeito, ou resultado, é que, tornando-se uma pessoa melhor, a vida melhora. Isto quer dizer que você muda por dentro e sua vida muda também, mas muitos não querem se dar ao trabalho de mudar a si mesmos, de se lapidarem, de crescer, evoluir e vencer seus vícios e dificuldades e, ainda assim, querem que a vida mude, simplesmente porque estão desenvolvendo sua mediunidade. 

    Todos encarnam para resolver problemas e dificuldades, o que quer dizer que todos encarnam para aprender algo nesta vida. Seu esforço em tornar-se alguém melhor cria o que se chama de merecimento, que vai ao encontro de suas necessidades, na medida em que você cresce com as dificuldades. Muitas vezes, os médiuns querem que a Umbanda retire de suas vidas justamente as dificuldades que ali estão para fazê-lo crescer dentro do sentido da vida e do campo de atuação em que têm necessidade. Tanto é verdade que, na maioria das vezes, foi o próprio médium que, com suas limitações e dificuldades internas, criou para si mesmo as dificuldades que está passando na vida. Dificuldades externas são um reflexo das dificuldades internas. Não adianta querer que um guia espiritual lhe arrume um amor perfeito e ideal, se você não é uma pessoa perfeita e ideal, cada um atrai para sua vida algo que lhe tem afinidade e correspondência. Antes de querer um amor perfeito é preciso vencer as carências, inseguranças e não projetar seus medos e vícios comportamentais no outro. Amor perfeito é um amor livre, que não prende o outro, é o amor de quem ama mais a felicidade e a liberdade do outro do que seus próprios apegos e paixão. Não adianta querer que os espíritos ou os Orixás lhe arrumem o melhor emprego que há, se você não se preparou para isso ou se não sabe conviver com as pessoas com quem trabalha. Não adianta reclamar das pessoas de seu convívio, de seus familiares ou de um superior a você em seu ambiente de trabalho, antes, é preciso aprender a conviver com as pessoas e crescer com elas e suas dificuldades. Lembre-se, os defeitos que vemos nos outros são os mesmos que nós carregamos, e o que mais nos incomoda é exatamente o que tentamos esconder em nós mesmos. Ao desenvolver sua mediunidade em um terreiro, você não fica preso para sempre neste terreiro e, da mesma forma, não fica preso na Umbanda. Frequentar a Umbanda e desenvolver sua mediunidade não é um caminho sem volta, como dizem algumas pessoas mal informadas e ignorantes. Frequentar a Umbanda e desenvolver sua mediunidade é algo que faz parte de seu livre arbítrio, se este não for o seu caminho, você tem toda a liberdade de escolher um outro caminho. Ninguém pode lhe podar de seu livre arbítrio, de sua liberdade, que quem lhe deu foi Deus e é tão sagrado que nem Deus lhe tira. Dizem que: “se você desenvolver sua mediunidade na Umbanda, não terá mais paz na sua vida e que terá que servir os guias para sempre”, “se não desenvolver sua mediunidade, sua vida não vai para frente”, “se abandonar o terreiro, seus guias vão ficar presos”, “se entrar para a Umbanda, terá que fazer um pacto” e etc.

    Existe um fato: você tem mediunidade de incorporação e portanto é muito sensitivo. Isto não é um castigo, nem um fardo ou carma negativo. Esta mediunidade é simplesmente um dom que você deve conhecer e aprender a lidar com ele. Ter um dom e não saber o que fazer com ele, isto sim pode atrapalhar nossa vida, como sentir coisas, mediunicamente falando, e não saber o que fazer com isso. O que está muito distante das afirmações anteriores. Sem culpa, sem medo, sem pressão e sem traumas, faça sua escolha: aprenda a trabalhar este dom na Umbanda ou aprenda a lidar com este dom de uma outra forma. Uma vez desenvolvida a mediunidade, você não é escravo dela, simplesmente porque tem hora e local para realizar suas atividades mediúnicas. Você deve aprender a lidar com o que sente e ter as rédeas deste dom em suas mãos. 

    Também pode acontecer de entrar em um grupo despreparado para cuidar de sua mediunidade. Aquele terreiro, médium ou guia que cuida de sua mediunidade deve saber o que está fazendo e ter: experiência, maturidade, clareza e verdade. Exatamente por isso é que é importante passar por uma educação mediúnica e não apenas aprender a incorporar espíritos.

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