sábado, 3 de agosto de 2013

O Rito – Importância Prática e Mística para o Movimento Umbandista - Parte 1


O presente trabalho tem como objetivo esclarecer os adeptos e simpatizantes umbandistas da importância dos ritos como processo facilitador na busca pela Espiritualidade.
Embora os ritos sejam objeto de críticas dos adversos do movimento umbandista, indiscutivelmente, a Umbanda os tem como um dos fundamentos imprescindíveis à sua rito-liturgia. Variam em detrimento dos “graus de consciência”[1] do culto ao sagrado nos santuários.  Impossível imaginar uma “gira de Umbanda” sem um ritual.
Entendemos que a ritualística é uma característica comum utilizada pelas religiões, a fim de que seus professantes possam alcançar o êxtase do contato espiritual. Por isso, a prática comporta a manifestação da diversidade com que o ser humano cultua e expressa o sagrado. No entanto, dependendo da prática ritual adotada pela “comunidade de santo”[2], a ritualística poderá influenciar o participante de forma positiva ou negativa.
Para nós, da escola umbandista, fé e rito são “temperos”de uma mesma verdade que possui sua doutrina adaptada à diversidade. Por este viés, o processo ritual[3] leva o ser humano ao aprimoramento de sua verdade essencial, progressivamente, manifestada na transcendência do espírito. Este mergulho interno faz com que a consciência se manifeste pelo movimento do interiorizar para exteriorizar. A isso, chamamos de busca, ou seja, ampliação da percepção da realidade. Sem muito rebuscar, é o que entendemos por Espiritualidade.
Com a palavra (Neto, 2003), ao falar de Escolas, diversidade, visões, ritos, doutrina:
“O conceito de Escolas das Religiões Afro-brasileiras foi desenvolvido por F. Rivas Neto. O autor sustenta, por exemplo, que na Umbanda: ‘(…) pela diversidade dos seus adeptos, há também uma diversidade de ritos e de formas de transmissão do conhecimento. A essas várias formas de entendimento e vivência da Umbanda denominamos escolas ou segmentos. (…) As várias escolas correspondem a visões, umas voltadas mais aos aspectos míticos e outras mais voltadas à essência espiritual, abstrata. Embora não haja consenso quanto à ritualística, que são várias formas de interpretar e manifestar a doutrina, a essência de todos é a mesma e todos são legitimamente denominados umbandistas.’”[4]
Ao imaginarmos uma “gira de umbanda”, não é difícil entender o porquê de o Movimento Umbandista ser, hoje, um extraordinário abarcador de consciência. Neste contexto, os templos-terreiros cumprem sua função acolhedora e não discriminadora quando recebem todos, independente da fé que professam, ou grau de consciência que apresentam. Dessa forma, os rituais de umbanda, tais como conhecemos, tornam-se caminhos por onde os Orixás e seus diletos Ancestrais[5], pelo poder volitivo,[6]ditamo ritmo e o ciclo que disciplinam e conduzem os chamados adeptos e consulente à evolução. Assim, fica demonstrado porque fé, rito e consciência[7] fazem parte de um mesmo universo religioso, imprescindível à transcendência do ser humano.
Vejamos o que nos diz Stanislav Grof (1994, p. 33), um dos fundadores da psicologia transpessoal, com relação à consciência:
“Hoje acredito firmemente que a consciência é mais que um subproduto dos processos neurofisiológicos e bronquímecos do cérebro humano. Vejo a consciência e a psique humana como expressões e reflexos de uma inteligência cósmica que permeia todo o universo e a existência… estou agora convencido de que nossa consciência individual nos liga não apenas a nosso meio ambiente e a vários períodos do passado mas, também, a eventos muito além do alcance dos sentidos físicos, a outras épocas históricas, à natureza e ao cosmos.”[8]
Como dissemos, os ritos são caminhos que ditam ciclo e ritmo cujas frequências permitem romper com os referenciais rígidos da noção de tempo e espaço, a fim de que a fé seja combustível a mover, em essência, os espíritos no reencontro com a própria consciência. No “afrouxar das amarras espirituais”, cores, músicas, cheiros, gostos etc, dão o “tom” que ascendeà mente, acorda o coração e fortalece o corpo do ser espiritual.
Paradoxalmente, ao contrário dos que afirmam os perseguidores e difamadores da umbanda, os ritos aproximam a Humanidade de baixo com a Humanidade de cima. Dessa forma, mortos e vivos rompem com os limites que obstaculizavam o exercício da espiritualidade como verdadeira religião do ser humano. Aliás, na Umbanda, nos seus templos-terreiros, ambientes sagrados, plural e diversos por excelência, o ser humano experimenta através dos ritos a transcendência. É no templo, participando do rito, que o umbandista vivencia sua fé para, em contato como os espíritos, resgatara sua cidadania espiritual.
Indiscutivelmente, na condição de umbandista praticante, afirmamos que o rito é porta que se abre à “Pátria da Luz[9]”nos convidando a perceber o Sagrado que, por extensão, não deixa de ser a manifestação da Divindade. Nesse momento, a umbanda se torna o palco da luz espiritual de Tupã[10] que, revelada e traduzida por intermédio de sua hierarquia espiritual, rompe com os limites dimensionais e nos chama à realidade do Espírito.
Estes são apontamentos cujas questões são formuladas na intenção de fomentar a reflexão sobre o presente tema. Esperamos que a iniciativa seja estímulo ao estudo do rito e, quem sabe, possa ser porta aberta aos interessados que buscam pesquisar e aprender sobre a ancestral doutrina de Umbanda.
2. Conceitos
Rito – Práticas de atos concatenados que buscam, em seu fim último, permitir ao ser humano que entre em contato com o Sagrado. No contexto religioso, entendemos que o rito serve de percurso, caminho que conduz o umbandista ou o simpatizante participante ao contato e aprimoramento espiritual. É a forma externa da qual o umbandista se utiliza para exercitar a Espiritualidade.
Movimento Umbandista –Diz-se da “Providência Divina” que, exercida por mútua atividade sagrada entre espíritos e médiuns, busca pelo exercício da Espiritualidade a evolução da ideia e entendimento da Umbanda. É o movimento restaurador da Umbanda, ou seja, do “Conjunto das Leis de Deus”.
Umbanda–Literalmente dizendo é o Conjunto das Leis de Deus.

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