domingo, 4 de agosto de 2013

O Rito – Importância Prática e Mística para o Movimento Umbandista - Parte 2


3. Considerações Iniciais
Incontestavelmente, a partir do dia em que a Luz de Umbanda ressurgiu em solo brasileiro para cumprir, em nome do Cristo Jesus e Deus (Tupã, Zambi, Yrê-Ayê etc), o desiderato futuro do promissor movimento restaurador da consciência espiritual do Ser Humano, muitas coisas mudaram, principalmente, no contexto da religiosidade do povo brasileiro.
Essas mudanças previamente traçadas pela Espiritualidade na “dimensão da LUZ” ocorreram e ainda ocorrem por processo descendente, influenciando os vários planos de manifestação espiritual, que se configuraram da sutileza mental a mais densa das energias da matéria.
Feitas essas considerações que entendemos pertinentes, creio que podemos avançar na exposição de nosso pensamento, sem maiores embaraços ao entendimento do porquê das diversidades, característica marcante dos ritos de Umbanda.
Para não estendermos demais a parte introdutória, destacamos a citação abaixo:
“Ritualismo[11] vem de ritual. Ritual vem de rito. O rito está ligado ao mito[12]. O mito vem da mitologia. A mitologia, por sua vez, nada mais é do que um conjunto de mitos. Esta correlação de ideias mostra que um elemento nunca está isolado. Ele faz parte de uma ideia mais ampla.”
Vejamos um conceito de ritodado por Thines(1984), deveras utilizado em citações, tal como fazemos agora:
“Ato religioso simbólico e institucionalizado cuja eficácia é de ordem extra-empírica, pelo menos parcialmente. Para realizar este ato, utilizam-se, por vezes, objetos. Do ponto de vista da antropologia, o rito visa a fazer viver por uma coletividade mitos religiosos ou sociais, ou, pelo menos, permitir-lhe representar crenças mágicas. Em outras palavras, regras e cerimônias que se devem observar na prática de uma religião.”[13]
4. Teoria e Prática Umbandista
Iniciamos a temática falando que os ritos agem como processo canalizador e facilitador de contato com os espíritos na busca pela Espiritualidade.
Assim, todo rito em sua parte mística traduz uma ideia. Em se tratando de umbanda, creio que, ao externarmos nossa fé na força espiritual, manifestamos o lado místico que se materializa ao evidenciar o contato com os espíritos evocados e invocados. Dessa forma, buscamos o contato com os ilustres ancestrais que representam a Divindade pelo processo chamado mediunidade.
É importante, antes de qualquer coisa, não ignorarmos que um rito de umbanda por mais simples que seja, possui sua parte estruturada em uma teoria possível de ser praticada. Neste caso, a manifestação de um ritual demonstra que não existe um rito que não tenha sua parte teórica e prática previamente pensada. Caso contrário, seria provocar o invisível sem conhecê-lo…
Assim, para nós, teoria e prática umbandista são espécies de um mesmo gênero chamado rito cuja mística ritualística possui sua parte visível e invisível, que nem sempre essencialmente é percebida pelos assistentes presentes durante um ritual de terreiro.
4.1 Aspectos Exotéricos e Esotéricos de um Rito
Como mencionamos linhas acima, os aspectos visíveis ou invisíveis de um rito é que dão as características que aqui chamamos de exotéricas e esotéricas.
Portanto, essencialmente dizendo, o que é percebido não é velado e o que é velado, é considerado esotérico, por isso não é percebido. Consequentemente, a variação do esoterismo das ritualísticas praticadas pelos umbandistas poderá caracterizar um maior ou menor grau de aprofundamento para com as coisas do espiritual.
Lado outro, como regra geral, o exoterismo de umbanda possui um duplo aspecto que, em tese, resume-se em tudo aquilo que durante um rito propositalmente é compartilhado, ou seja, mostrado ou não. Isso traduz uma das caraterísticas principais que enfatiza a diversidade de rituais, dentro do movimento umbandista. Evidentemente, que a citada diversidade dos ritos do movimento umbandista demonstra, a princípio, intrínseca ligação com a pluralidade social de seus professantes. Para tanto, um ritual pode ou não traduzir o grau de consciência de sua coletividade terreiro, ou comunidade de santo.
Dessa forma,a ritualística de cada grupo exterioriza o Sagrado quando manifestam coletivamente sua fé. Assim, uma ritualística pode estar mais evidenciada pelos fundamentos essenciais ou materiais. Nesse caso, é perfeitamente possível que determinados “Eros[14]” de um rito possam, ou não, ser percebidos pelos presentes durante a ritualística.
O ideal é que, durante os ritos, haja prevalência da essência sobre a forma e não o contrário. Isso não implica dizer que os segredos de uma ritualística serão obrigatoriamente percebidos.

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