segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O Rito – Importância Prática e Mística para o Movimento Umbandista - Parte 3


5. A Gira de Umbanda
Entendemos que a gira de Umbanda traduz movimento de energias, ou seja, intercâmbio que se estabelece entre o Mundo dos espíritos e o Mundo dos humanos.
Nesse intercâmbio, o processo é dirigido pelo Mentor Guia, de forma que seja fenomenizado em seus aspectos cósmicos para enfatizar a vida. Dessa forma, a gira ou ritual de umbanda enfatizará o espírito em essência, existência e substância com prevalência do Sagrado nas três etapas.
Pelo mistério, a vida é retraduzida numa mística de construção, mantença e destruição. Essa sistemática ritualística permite observar, pelos arquétipos utilizados pelos mentores da Umbanda, a infância, juventude, velhice e morte.
Por este contexto, fica mais fácil entender o porquê de todos se sentirem acolhidos quando vão a uma gira de Umbanda. Ainda que a pluralidade do público presente seja evidente, dando-nos a impressão de tumulto, o rito progressivamente acontece e, ao final, todos saem satisfeitos.
Isso explica o porquê de a umbanda imitar a vida, uma vez que, quando em sua manifestação ritual, apresentam-se pela via mediúnica as entidades espirituais, os êres (criança), Caboclos (jovens), Pais Velhos (senilidade) e os Exu (morte).
5.1 As Etapas de um Rito
Um ritual para ser completo, entendemos, deve ter início, meio e fim.
No início de um rito, busca-se evocar as forças espirituais que estarão predominando sobre todos.
Após esse recurso, o objetivo é fazer com que a movimentação das energias espirituais beneficie todos.
Por fim, é importantíssimo fechar a porta dimensional que foi aberta.
6. O Atendimento Mediúnico
É comum que cada templo adote uma sistemática de atendimento mediúnico. Por isso, raras vezes encontramos rituais iguais.
Geralmente, o Mentor que comanda os “trabalhos espirituais” é quem dá as coordenadas de como o atendimento assistencial, por intermédio dos espíritos, deve acontecer.
Dentro da mística de Umbanda, a praxe é que a manifestação espiritual ocorra por intermédio de um sensitivo, que atenderá o consulente através de passes, aconselhamento ou outras práticas magísticas com fins bem definidos.
Verdadeiramente, o que buscam alcançar os guias espirituais é possibilitar a cura mental, astral e até mesmo física daqueles que os procuram. Para tanto, a postura dos integrantes de uma corrente mediúnica é fundamental no objetivo visado.
Sabemos que a conduta individual de um médium quase sempre reflete na coletividade, tanto dentro como fora do terreiro. Assim, preconizamos a disciplina nas atividades realizadas durante o ritual, a dedicação aos ensinamentos transmitidos pela espiritualidade e a honestidade para com os mentores, que são fundamentos inegáveis para um bom desempenho mediúnico.
A atenção dada a esses fundamentos permite que um ritual seja harmônico, visto que traduz a estabilidade e equilíbrio de seus integrantes.
7. Conclusão
Não negamos que o sincretismo que impera nos terreiros ainda influencia muitos ritos de umbanda. Isso decorre do processo de assimilação e integração das várias culturas étnicas (índio, branco e negro), que se fundiram pelo aspecto religioso do movimento umbandista.
Essa “mistura”, mais propriamente chamada de sincretismo, foi quem mais contribuiu para o momento abarcador relacionado à primeira fase do Orixá Ogum, o que justifica a diversidade ritualística que predomina em todo território brasileiro.
Além do mais, embora alguns considerem o movimento umbandista carregado de ritos, indiscutivelmente, esses são importantes na amortização do grau de consciência da comunidade umbandista.
Para tanto, urge que os ritos sejam predominantemente voltados para a realidade essencial do espírito, o que, no momento, não invalidam os aspectos materiais das ritualísticas.
Em Síntese, acreditamos que os ritos traduzem as várias percepções do Sagrado, permitindo assim, uma visão do todo Universal, o que não invalida a visão espiritual.
8. Bibliografia Utilizada
RIVAS NETO, F. Sacerdote, Mago e Médico: cura e autocura umbandista. São Paulo: Ícone. 2003, p. 459-460.
GROF, Stanislav. A mente holotrópica. Rio de Janeiro: Ed. Rocco, 1994.
THINES, G., LEMPEREUR, A. Dicionário Geral das Ciências Humanas. Lisboa: Edições 70, 1984
*Correção ortográfica e gramatical: CleaneDrumond

[1] Estágios sucessivos e progressivos de percepção da realidade.
[2]Mesmo que coletividade-terreiro, ou seja, pessoas que seguem os ensinamentos propugnados pelo Templo.
[3] Conjunto de práticas consagradas pelo uso e/ou normas, e que devem ser observadas de forma invariável em ocasiões determinadas.
[4]RIVAS NETO, F. Sacerdote, Mago e Médico: cura e autocura umbandista. São Paulo: Ícone. 2003, p. 459-460.
[5] Diz-se dos mentores que se apresentam nos arquétipos de Criança, Caboclo, Pais Velhos e Exus.
[6] Vontade.
[7]Ciência de si mesmo.Embora, convencionalmente, ela seja considerada um produto do cérebro físico, entendemos que assim não é, já que acreditamos que a nossa consciência pode ser vista como uma individualização da consciência universal, que se manifesta e interage com a matéria através do cérebro.
[8] GROF, Stanislav. A mente holotrópica. Rio de Janeiro: Ed. Rocco, 1994.
[9]Aruanda.
[10] Divindade Suprema do Tronco Tupi e mais tarde dos Tupinambás. É a nomenclatura mais utilizada dentro do Movimento Umbandista.
[11] Conjunto de ritos, cerimônias, cujo significado veicula uma ideia.
[12]Significado simbólico, que faz uso de fantasias ou fábulas para velar algo. Em nosso caso, são verdades cósmicas veladas por historietas simbólicas.
[13] THINES, G., LEMPEREUR, A. Dicionário Geral das Ciências Humanas. Lisboa: Edições 70, 1984.
[14] Mesmo que segredo.

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