quinta-feira, 21 de junho de 2012

PERDA E SUSPENSÃO DA FACULDADE MEDIÚNICA


As características de quem abusa do exercício mediúnico são:
- acreditar-se privilegiado por possuir a faculdade;
- não atender às solicitações de estudo da Doutrina;
- achar que o guia espiritual ensina tudo;
- não ter horário para trabalhar mediunicamente, entregando-se à prática a qualquer hora, ocasião e local;
- fazer trabalhos mediúnicos habitualmente em casa domiciliar;
- cobrar monetária ou moralmente pelos bens que eventualmente possa obter pela faculdade mediúnica.
O médium que emprega mal a sua faculdade está se candidatando:
- a ser veículo de comunicações falsas;
- a ser vítima dos maus Espíritos;
- à obsessão;
- a se constituir em veículo de idéias fantasiosas nascidas de seu próprio
Espírito orgulhoso e pretensioso;
- à perda ou suspensão da faculdade mediúnica.
A faculdade mediúnica pode ser retirada em determinadas circunstâncias da vida?
Eis a resposta de Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier:
"Os atributos medianímicos são como os talentos do Evangelho. Se o patrimônio
divino é desviado de seus fins, o mau servo torna-se indigno da
confiança do Senhor da seara da verdade e do amor. Multiplicados no bem,
os talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos divinas;
todavia se sofrem o insulto do egoísmo, do orgulho, da vaidade, da
exploração inferior, podem deixar o intermediário do invisível entre as
sombras pesadas do estacionamento, nas mais dolorosas perspectivas de
expiação, em vista do acréscimo de seus débitos irrefletidos." [O
Consolador-qst389]
Existem casos em que a interrupção demonstra uma prova de benevolência do
Espírito protetor para com o médium, segundo nos esclarece Allan Kardec [LM-it 220].
Nesta situação, há três aspectos a considerar:
1º - Quando o Espírito amigo e protetor quer provar que a comunicação mediúnica
não depende dele, médium, e que assim, este não se deve vangloriar ou envaidecer;
2º - Quando o médium está debilitado fisicamente e precisa de repouso;
3º - Quando se fizer necessário por à prova a paciência e a perseverança do
médium ou lhe dar tempo para meditar nas instruções recebidas dos Espíritos.
Como vemos, a mediunidade pode ser considerada como verdadeiro instrumento de
redenção da criatura humana, que, ao usá-la com dignidade e coração, tem oportunidade de
exercitar as virtudes cristãs como a humildade, o perdão, o amor e a caridade.
Sendo uma faculdade como as outras que possuímos, pode de uma hora para outra
sofrer interrupções. Isto acontece porque a produção mediúnica ocorre através do concurso
dos Espíritos, sem eles nada pode o médium; a faculdade continua a existir em essência
mas os Espíritos não podem ou não querem se utilizar daquele instrumento mediúnico.
Os bons Espíritos se afastam dos médiuns por vários motivos.
Analisemos alguns:
a) Advertência: quando o médium se serve da faculdade mediúnica para atender a
coisas frívolas ou com propósitos ambiciosos e desvirtuados.
Como coisas frívolas, citamos a prática dos "ledores da sorte". Infelizmente,
este desvirtuamento da verdadeira prática mediúnica existe em larga escala, e, mais cedo
ou mais tarde, tais médiuns terão que prestar contas ao Senhor da aplicação feita dos
talentos recebidos.
Os chamados "profissionais da mediunidade" não se agastam em receber pagamentos,
quer sob a forma de dinheiro, presentes, favores, privilégios ou até mesmo dependência
afetiva ou emocional.
Recordemos as palavras do Espírito Manoel Philomeno de Miranda:
"(...) o médium, habituando-se aos negócios e interesses de baixo teor
vibratório, embrutece-se, desarmoniza-se (...). A mediunidade com Jesus,
liberta, edifica e promove moralmente o homem, enquanto que, com o mundo,
aturde, escraviza e obsidia a criatura." [Seara do Bem, Profissionais da
Mediunidade]
Quando os Espíritos que sempre se comunicam por um determinado médium deixam de
o fazer, o fazem para provar ao médium e a todos que eles são indispensáveis, e que, sem
o seu concurso simpático, nada se obterá. Muitas vezes, tal atitude se prende à forma
pela qual o médium vem se conduzindo, deixando a desejar sob o ponto de vista moral e
doutrinário.
Geralmente, este tipo de suspensão é por algum tempo e a faculdade volta a
funcionar, cessada a causa que motivou a suspensão.
b) Benevolência: quando as forças do médium estão esgotadas e seu poder de
defesa fica reduzido, para que não caia como presa fácil nas mãos de obsessores, sua
faculdade é suspensa, temporariamente, até que volte aos seu estado normal e possa
exercitar com eficiência. Assim,
"A interrupção da faculdade nem sempre é uma punição, demonstra às vezes
a solicitude do Espírito para com o médium, a quem consagra afeição,
tendo por objetivo proporcionar-lhe um repouso material de que o julgou
necessitado, e neste caso não permite que outros Espíritos o substituam."
[LM-it 220]
Léon Denis [No Invisível-cap IV] afirma que:
"A intensidade das manifestações está na razão direta do estado físico e
mental do médium. A saúde do médium parece-nos ser uma das condições de
sua faculdade. Conhecemos um grande número de médiuns que gozam perfeita
saúde; temos notado mesmo que, quando a saúde se lhes altera, os
fenômenos se enfraquecem e cessam de se produzir."
Por que sinal se pode reconhecer a censura na interrupção da mediunidade?
"Que interrogue o médium a sua consciência e pergunte a si mesmo que uso
tem feito da sua faculdade, que benefícios têm resultado para os outros,
que proveito tem tirado dos conselhos que lhe deram, e terá a resposta."
[LM-it 220]
Vianna de Carvalho nos diz que
"O mau uso da faculdade mediúnica pode entorpecê-la e até mesmo fazê-la
desaparecer, tornando-se para o seu portador, um verdadeiro prejuízo, uma
rude provação. Algumas vezes como advertência, interrompe-se-lhe o fluxo
medianímico e os Espíritos superiores, por afeição ao médium, permitem
que ele perceba, a fim de mais adestrar-se, buscando descobrir a falha
que propiciou a suspensão, restaurando o equilíbrio; outras vezes, é-lhe
concedida com o objetivo de facultar-lhe algum repouso e refazimento.”
c) Provação: quando o médium, apesar de se conduzir com acerto, ter o
merecimento por boa conduta moral e não necessitar de descanso, tem suas possibilidades
mediúnicas diminuídas ou interrompidas, Allan Kardec nos diz que:
"Servem para lhes por a paciência à prova e para lhes experimentar a
perseverança. Por isso é que os Espíritos nenhum termo, em geral, assinam,
à suspensão da faculdade mediúnica; é para verem se o médium desanima.
Muitas vezes, serve também para lhes dar tempo de meditar as instruções
recebidas.
Outra causa é quando o médium não aproveita as instruções nem os conselhos
que os protetores espirituais propiciam. O Espírito protetor aconselha
sempre para o bem, sugerindo bons pensamentos ou amparando nas
aflições o seu tutelado mas, em situação alguma, desrespeita o livrearbítrio
de quem quer que seja. (...) Afasta-se, quando vê que seus
conselhos são inúteis e que mais forte é, no seu protegido, a decisão de
submeter-se à influência dos Espíritos inferiores. Mas não o abandona
completamente e sempre se faz ouvir. É então o homem que tapa os ouvidos.
O protetor volta desde que este o chame." [Le-qst 495]
No caso de não mais funcionar a faculdade mediúnica, isto jamais se deve ao fato
de o médium ter encerrado a sua missão, como se costuma dizer, porque toda missão
encerrada com sucesso é prenúncio de nova tarefa que logo se lhe segue, e assim,
sucessivamente. O que ocorre nestes caso é a perda por abuso da mediunidade ou por doença
grave.

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