quarta-feira, 8 de maio de 2013

A Linha de Ação e Trabalho dos Pretos Velhos

Escrito por Mãe Lurdes de Campos Vieira   

A figura de ex-escravos, de velhos “feiticeiros” negros, conhecedores de rezas e de encantamentos poderosos, capazes de realizar “milagres”, foi o arquétipo ideal para atrair milhares de espíritos para a Umbanda.

Espíritos de negros, amadurecidos no tempo e na vida do plano material, assumiram o grau de “Pretos-Velhos”, orientando e ensinando os reais valores da vida, simplicidade, humildade e caridade. Sabedoria, simplicidade, humildade, caridade, evolução, seriedade, paciência, calma e ponderação são qualidades, atributos que nos remetem ao mistério ancião – de velho, sábio e profundo conhecedor dos mistérios divinos – sustentado pelos orixás mais velhos: Pai Oxalá, Pai Obaluaiê, Pai Omolu e Mãe Nana Buruquê. Os Pretos-Velhos trazem esse mistério consigo, pois são espíritos elevadíssimos, bastante amadurecidos; são nossos irmãos mais velhos na senda evolutiva, que com sua experiência de vida alcançaram a sabedoria.

O arquétipo do ancião preto, nobre, poderoso, amoroso, humilde e sábio, ocultado por trás do jeito simples de falar, encantou e tornou imortal a figura carismática do Preto-Velho. Os Pretos-Velhos, ou linha das almas, atuam na irradiação de Pai Obaluaiê, de quem captam as irradiações, tornando-se também irradiadores delas, estabilizando e transmutando a vida de quem os consulta.

Preto-Velho, no ritual de Umbanda Sagrada, é um grau manifestador de um Mistério Divino. Nem todo preto-velho é preto ou velho. A forma como eles incorporam, curvados, expressa a qualidade telúrico-aquática de Pai Obaluaiê. O peso que parecem carregar não é fruto do cansaço, da idade avançada ou velhice, mas á a ação da qualidade estabilizadora terra, desse Orixá, diante da qual todos se curvam, se aquietam e evoluem calmamente.
Essas entidades manifestam-se sob a aparência de negros escravos, trazendo-nos o exemplo de humildade e simplicidade da alma. São espíritos elevadíssimos com vasto campo de atuação, encontrados nas Sete Linhas de Umbanda, pois trabalham a Evolução nos sete sentidos da vida dos seres. Trazem sempre palavras de fé, de esperança, de consolo e de perseverança, com sua sabedoria, paciência, paz e serenidade.

No arquétipo do amoroso Preto-Velho, esses espíritos estão sempre a nos ensinar que o perdão é sempre a melhor opção e que a caridade é o melhor caminho evolutivo. Eles não carregam mágoa, raiva ou ódio pelas humilhações, atrocidades e torturas que sofreram na carne.

São conselheiros pacientes, mostrando-nos a vida e seus caminhos. Com suas mirongas, banhos de ervas e outros elementos, exorcisam forças negativas, obsessesores e quiumbas, e, apoiados pelos Exus de Lei, desfazem trabalhos de magia negra.

Esse arquétipo é tão poderoso e forte que foi adotado por milhões de espíritos evoluidíssimos que se apresentam discretamente nos centros de Umbanda nessa linha de trabalho. O Preto-Velho sábio, humilde e caridoso simboliza a sabedoria dos velhos benzedores, a humildade daqueles que extraíram suas forças das condições cruéis que lhes foram impostas em vida. Com sabedoria e simplicidade, ensinam as pessoas para que entendam e encarem seus problemas cotidianos e busquem as melhores soluções. Eles aliviam o fardo dos consulentes, fazendo com que se fortaleçam espiritualmente.

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