domingo, 29 de setembro de 2013

Como Reis e Rainhas




A vida de um Sacerdote, Dirigente, Pai, Mãe ou Zelador na Umbanda tem alguns aspectos interessantes de se observar.  Vivemos como Reis e Rainhas. Nosso trabalho é nosso reinado e os Irmãos que dividem esse trabalho representam a visão e a expectativa do povo.
Temos como função planejar, pensar, organizar e administrar o bom funcionamento do reino. Lidamos o tempo todo com o fator humano das relações, onde um simples “boa noite” ou a falta dele pode causar tumulto ou indignação nas partes.
Temos como papel, ordenar as finanças do reino – e olha que não fazemos saques ou pilhamos outras moradas – e isso faz com que cada dia do reino seja vivido com uma rotina diferente, dia por dia, semana por semana, mês por mês. E tem épocas que o balanço judia um pouco…
À nossa porta, tem aqueles que se sentam em cadeiras, esperando a operação de um “milagre”, que nem eles conseguem entender. Afinal, o milagre da vida já lhes foi concedido: nasceram, cresceram e estão vivendo. Só que a necessidade de respostas imediatas é maior do que o “milagre da vida”.
E além de toda essa bagunça que é um reinado, tem a vida pessoal, que inclui relacionamento e família.  Ao nosso lado pode estar a personificação do entendimento, e mesmo assim não seremos compreendidos perante as nossas atribuições.  Quem te ama, vai te machucar de verdade…
A família vai ser um episódio único. Eles podem ter o seu sangue, mas não terão o seu pensamento e isso cria um abismo de possibilidades. Quem deveria te apoiar de verdade te condena de verdade ou te cobra de maneira impiedosa.
Parece um conto de fadas, né?!
Só que o trabalho não para, tudo cresce e os cenários mudam. Algumas noites são mais longas pensando na dor e na dificuldade dos outros e acabamos por esquecer as nossas próprias dores. Afinal, quem tem coroa na cabeça também tem lágrimas nos olhos e sentimentos no coração.
Podemos caminhar como Reis e Rainhas, e no fundo no fundo, somos Pais e Mães que adotaram pessoas em nossos campos, em momentos de dificuldades para eles. Só que isso não nos isenta da nossa humanidade.Sofremos, lamentamos, temos acessos de ira e como todo mundo, temos dúvidas…
Em alguns momentos, o silêncio e a solidão serão amigos de ouro.
Dedico esse texto a todos os Papais e Mamães Espirituais que fazem da sua vida uma jornada contínua para a vida dos outros.
Abraços e muito Axé!

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