sábado, 7 de abril de 2012

O Profundo Desenvolvimento do Eu na Umbanda


A descoberta de um mundo novo traz a nossa vida novos horizontes repletos de deleites pessoais, a realização de um médium que acaba de conhecer os fascínios da Umbanda é algo muito grande. A grandeza é referente às possibilidades do próprio ser.
O quanto posso ir mais adiante, quantas portas serão abertas em meu caminho? Qual o nome das minhas entidades, o quanto minhas entidades podem ser temidas ou admiradas? O quanto serei importante nesta gira, quantas vezes sentiram minha falta quando por algum motivo não puder participar dos trabalhos? O grau de desenvolvimento que eu tenho no mundo espiritual, o quanto meu Exu manda, qual o grau de comando das suas falanges?
Isso, sem contar as possibilidades de reconhecimento através da hierarquia que me é, sem duvida alguma, “merecida”.
Estes são apenas alguns pensamentos que, por mais inocentes, sempre acabam passando em nossas cabeças.
Não é difícil ver um médium “batizando” suas entidades, seja por pura vaidade, necessidade de reconhecimento ou status. Ou ainda, cheios de razão explicando a pessoa ao lado da corrente suas “verdades plenas”, repletas de lendas falhas e ignorância, movidas pela sede de reconhecimento.
O desenvolvimento do "EU" é de suma importância para todos os iniciados nesse novo mundo mágico.
As fases do desenvolvimento caminham sempre com todos da mesma forma:
Curiosidade, sobre um mundo novo e muito interessante.
Descoberta: o inicio da compreensão do que pode trazer este conhecimento e do envolvimento direto e pessoal. Nesta fase a pessoa procura conhecimento de todas as formas possíveis e impossíveis. Livros, conversas nos bastidores do terreiro ou com amigos, passa a assistir todas as giras possíveis, busca textos na internet ( a pior fonte de conhecimento para quem está começando).
Como a informação chega sempre sem nenhum cuidado, mistos de conhecimentos vindos de outros terreiros, com outros ritos e normas. Uma mistura perigosa de conhecimentos de outras religiões, que não tem a ver com a Umbanda. Informações vindas de médiuns oriundos de outros ritos e outras religiões.
A bagunça é formada de tal maneira que a pessoa passa a questionar tudo a sua volta e cria por conveniência as suas verdades.
Comum nestes casos você ouvir: “Se você sair da Umbanda sua vida só vai piorar” “não gosto de gira de Ogum porque eu apanho muito do meu caboclo.” Meu Exu disse que não trabalha nesta casa porque seu grau de comando é muito grande e não vai se sujeitar a ordens de Exus inferiores.” “sou filho de Yansa com Xango e tenho cobertura de Oxum, com isso sou Oxumaré no candomblé, então por isso meu desenvolvimento com caboclos de Ogum demora tanto”.
Todas estas frases mostram ignorância completa da realidade de um terreiro de Umbanda.
Primeira coisa a ser observada é a seguinte:
Umbanda não é Candomblé, seus orixás são diferentes, seu rito é diferente e não existe relação direta destes orixás no desenvolvimento na Umbanda.
Se você gosta mais dos orixás do Candomblé, deve fazer parte do Candomblé e não a Umbanda.
Não busque explicação para aquilo que você não sabe em outras religiões, se você buscar dentro da sua religião vai encontrar as respostas sem duvida alguma.
O desenvolvimento na Umbanda é muito diferente do Candomblé, a influencia dos orixás é outra, sem contar a influencia direta das entidades de Umbanda. As mesmas que não existem no Candomblé. Pretos-velhos, ciganos, caboclos, boiadeiros etc e tal.... só existem na Umbanda.
Existem terreiros mistos, que tocam o que nós chamamos de Umbandomblé. Mas isso não é Umbanda.
Cada terreiro tem forma de tocar suas giras, tem seu rito, meios de desenvolvimento e trato com a entidades, sendo assim, a única verdade CORRETA é a do terreiro que você freqüenta. E mais, do seu pai de santo. Graças a Deus temos muitos terreiros de Umbanda, assim, se você não gostar da forma que as coisas acontecem no seu terreiro, ou não acreditar no seu pai de santo, você pode escolher outro.
O entrar em uma gira, é um ato de confiança no pai de santo. Se você começa a colocar duvidas ou mesmo questionar as atitudes do seu pai de santo, recolha-se, medite e analise seu questionamento antes de tomar qualquer providência. Se chegar a conclusão que efetivamente tais atitudes não condizem com seu perfil cristão, procure outro terreiro.
A base do desenvolvimento de qualquer médium é a confiança em seu pai de santo, sem ela seu desenvolvimento jamais vai acontecer de forma completa.
Não existe pai de santo certo ou errado no conduzir de uma gira, existe sim um filho de corrente que confia em seu pai de santo ou não.

Fase do deslumbre.

A mais perigosa fase do desenvolvimento do médium.
Completamente deslumbrado pelo mundo novo, deixa de viver a própria vida para conduzir seu desenvolvimento.
Tudo gira em torno da Umbanda. Beira as raias do fanatismo... O maior perigo na verdade não é a fase em si, mas o final desta fase.... No momento em que o médium compreende a sua real missão no terreiro e as máscaras de “confete e purpurina” caem, a pessoa passa a compreender que ela esta ali para ajudar o próximo e que ela é dispensável. Nesta hora que a umbanda perde muitos médiuns...
A pessoa descobre que o “EU” não existe. Vê que a Umbanda é “nós” e não “EU”.
Compreende que um médium é apenas um instrumento e como tal, quando não cumpre sua missão é substituído sem maiores problemas.
Sim, você é dispensável.
Sim, você não é nada além de um bisturi na mão de um médico, se perder o fio, será trocado por outro, simples assim.
A maior busca na Umbanda é a da consciência de coletivo interno... O “coletivo”...., o mais difícil grau de desenvolvimento, a harmonia do consciente com o cosmo, a interação com a natureza humana.
Quando o médium compreende seu papel dentro de um terreiro, seja médium de corrente, toco ou vibração, seu desenvolvimento acelera e todas as entidades se aproximam. Esta aproximação faz com que a intuição atinja os mais elevados graus de força, dentro e fora do terreiro. A firmeza com as entidades torna-se mais visível, a incorporação atinge o entrosamento seguro e realmente propício para alcançar a excelência no atendimento e na magia.
É comum encontrarmos doutrinadores e estudiosos da Umbanda dizendo que isso só acontece depois de muito tempo, concordo com eles em parte.
Este desenvolvimento levará muito tempo se acontecer de forma isolada e sem amparo, com o conhecimento realmente passado aos médiuns, este tempo tende a ser muito menor. Claro que mesmo com ensinamentos e intensiva dedicação, as coisas não acontecem do dia para noite, sempre se faz necessário a adaptação do médium com as novas informações e com o entrosamento entre a entidade e médium.
Enfim, a Umbanda exige muita dedicação e estudo, acima de tudo, respeito.
A Umbanda como religião essencialmente brasileira é também movimento social e como tal deve ser encarada com extrema seriedade.

http://paibento.com.br/web/index.php/doutrina/13 
Colaboração do Ney

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