Um pouco de História:
Na aurora de
sua civilização, o povo africano mais tarde conhecido pelo nome de iorubá,
chamado de nagô no Brasil e lucumi em Cuba, acreditava que forças sobrenaturais
impessoais, espíritos, ou entidades estavam presentes ou corporificados em
objetos e forças da natureza. Tementes dos perigos da natureza que punham em
risco constante a vida humana, perigos que eles não podiam controlar, esses
antigos africanos ofereciam sacrifícios para aplacar a fúria dessas forças,
doando sua própria comida como tributo que selava um pacto de submissão e proteção
e que sedimenta as relações de lealdade e filiação entre os homens e os espíritos
da natureza.
Muitos desses
espíritos da natureza passaram a ser cultuados como divindades, mais tarde
designadas orixás, detentoras do poder de governar aspectos do mundo natural,
como o trovão, o raio e a fertilidade da terra, enquanto outros foram cultuados
como guardiões de montanhas, cursos d'água, árvores e florestas. Cada rio,
assim, tinha seu espírito próprio, com o qual se confundia, construindo-se em
suas margens os locais de adoração, nada mais que o sítio onde eram deixadas as
oferendas. Um rio pode correr calmamente pelas planícies ou precipita-se em
quedas e corredeiras, oferecer calma travessia a vau, mas também mostra-se
pleno de traiçoeiras armadilhas, ser uma benfazeja fonte de alimentação
piscosa, mas igualmente afogar em suas águas os que nelas se banham. Esses
atributos do rio, que o torna ao mesmo tempo provedor e destruidor, passaram a
ser também o de sua divindade guardiã. Como cada rio é diferente, seu espírito,
sua alma, também tem características específicas. Muitos dos espíritos dos rios
são homenageados até hoje, tanto na África, em território iorubá, como nas
Américas, para onde o culto foi trazido pelos negros durante a escravidão e num
curto período após a abolição, embora tenham, com o passar do tempo, se tornado
independentes de sua base original na natureza.
O contato
entre os povos africanos, tanto em razão de intercâmbio comercial como por
causa das guerras e domínio de uns sobre outros, propiciou a incorporação pelos
iorubás de divindades de povos vizinhos, como os voduns dos povos fons,
chamados jejes no Brasil, entre os quais se destaca Nanã, antiga divindade da
terra, e Oxumarê, divindade do arco-íris. O deus da peste, que recebe os nomes
de Omulu, Olu Odo, Obaluaê, Ainon, Sakpatá e Xamponã ou Xapanã, resultou da
fusão da devoção a inúmeros deuses cultuados em territórios iorubá, fon e nupe.
As transformações sofridas pelo deus da varíola, até sua incorporação ao
panteão contemporâneo dos orixás, mostra a importância das migrações e das
guerras de dominação na vida desses povos africanos e seu papel na constituição
de cultos e conformação de divindades.
Dentro
da cultura do Candomblé, o Orixá é considerado a existência de uma “vida
passada na Terra”, na qual os Orixás teriam entrado em contato direto com os
seres humanos, aos quais passaram ensinamentos diretos e se mostraram em forma
humana. Essa teria sido uma época muito
distante na qual o ser humano necessitava da presença física dos Orixás, pois o
ser humano ainda se encontrava em um estágio muito primitivo, tanto materialmente
como espiritualmente.
Após
passarem seus ensinamento voltaram à Aruanda, mas deixaram na Terra sua
essência e representatividade nas forças da natureza.
O que é Orixá?
O planeta em
que vivemos e todos os mundos dos planos materiais se mantêm vivos através do
equilíbrio entre as energias da natureza.
A harmonia planetária só é possível devido a um intrincado e imenso jogo
energético entre os elementos químicos que constituem estes mundos e entre cada
um dos seres vivos que habitam estes planetas.
Um dado característico do
exercício da religião de Umbanda é o uso, como fonte de trabalho, destas
energias. Vivendo no planeta Terra, o homem convive com Leis desde sua origem e
evolução, Leis que mantêm a vitalidade, a criação e a transformação, dados
essenciais à vida como a vemos desenvolver-se a cada segundo. Sem essa harmonia
energética o planeta entraria no caos.
O fogo, o ar,
a terra e a água são os elementos primordiais que, combinados, dão origem a
tudo que nossos corpos físicos sentem, assim como também são constituintes
destes corpos.
Acreditamos
que esses elementos e suas ramificações são comandados e trabalhados por Entidades Espirituais que vão
desde os Elementais (espíritos em transição atuantes no grande laboratório
planetário), até aos Espíritos Superiores que inspecionam, comandam e fornecem
o fluido vital para o trabalho constante de CRIAR, MANTER e TRANSFORMAR a
dinâmica evolutiva da vida no Planeta Terra.
A esses espíritos de alta
força vibratória chamamos ORIXÁS, usando um vocábulo de origem Yorubana. Na Umbanda são tidos como os maiores
responsáveis pelo equilíbrio da natureza. São conhecidos em outras partes do
mundo como "Ministros" ou "Devas", espíritos de alta vibração evolutiva que cooperam diretamente com
Deus, fazendo com que Suas Leis sejam cumpridas constantemente.
O uso de uma palavra que
significa “dono da cabeça” (ORI-XÁ) mostra a relação existente entre o mundo e
o indivíduo, entre o ambiente e os seres que nele habitam. Nossos corpos têm, em sua constituição, todos
os elementos naturais em diferentes proporções.
Além dos espíritos amigos que se empenham em nossa vigilância e auxílio morais, contamos
com um espírito da natureza, um Orixá
pessoal que cuida do equilíbrio energético, físico e emocional de nossos corpos
físicos.
Nós,
seres espirituais manifestando-se em corpos físicos, somos influenciados pela
ação dessas energias desde o momento do nascimento. Quando nossa personalidade
(a personagem desta existência) começa a ser definida, uma das energias
elementais predomina – e é a que vai definir, de alguma forma, nosso
"arquétipo".
Ao
Regente dessa energia predominante, definida no nosso nascimento, denominamos
de nosso Orixá pessoal, "Chefe de Cabeça", "Pai ou Mãe de
Cabeça", ou o nome esotérico "ELEDÁ". A forma como nosso corpo reage às diversas
situações durante esta encarnação, tanto física quanto emocionalmente, está
ligada ao “arquétipo”, ou à personalidade e características emocionais que
conhecemos através das lendas africanas sobre os Orixás. Junto a essa energia predominante, duas outras
se colocam como secundárias, que na Umbanda denominamos de "Juntós",
corruptela de "Adjuntó", palavra latina que significa auxiliar, ou
ainda, chamamos de "OSSI" e "OTUM", respectivamente na sua
ordem de influência.
Quando um espírito vai
encarnar, são consultados os futuros pais, durante o sono, quanto à
concordância em gerar um filho, obedecendo-se à lei do livre arbítrio. Tendo os
mesmos concordado, começa o trabalho de plasmar a forma que esse espírito usará
no veículo físico. Esta tarefa é entregue aos poderosos Espíritos da Natureza,
sendo que um deles assume a responsabilidade dessa tarefa, fornecendo a essa
forma as energias necessárias para que o feto se desenvolva, para que haja
vida. A partir desse processo, o novo ser encarnado estará ligado diretamente
àquela vibração original. Assim surge o ELEDÁ desse novo ser encarnado, que é a
força energética primária e atuante do nascimento.
Nesse período, os Elementais
trabalham incessantemente, cada um na sua respectiva área, partindo do embrião
até formar todas as camadas materiais do corpo humano, que são moldadas até
nascer o novo ser com o seu duplo etérico e corpo denso.
Após o nascimento, essa
força energética vai promovendo o domínio gradativo da consciência da alma e da
força do espírito sobre a forma material até que seja adquirida sua
personalidade por meio da Lei do livre Arbítrio. A partir daí essa energia
passa a atuar de forma mais discreta, obedecendo a esta Lei, sustentando-lhe,
contudo, a forma e energia material pela contínua manutenção e transformação,
no sentido de manter-lhe a existência.
A cada reencarnação, de
acordo com nossas necessidades evolutivas e carmas a serem cumpridos, somos
responsáveis por diferentes corpos, e para cada um destes nossos corpos,
podemos contar com o auxílio de um Espírito da Natureza, um Orixá
protetor. É normalmente quem se aproxima
do médium quando estes invocam seu Eledá. Em todos os rituais de Umbanda, de
modo especial nas Iniciações, a invocação dessa força é feita para todos os
médiuns quando efetuam seus Assentamentos, meio de atração, para perto de si,
da energia pura do seu ELEDÁ energético e das energias auxiliares, ou
"OSSI" e "OTUM.
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