terça-feira, 1 de janeiro de 2013

DESMISTIFICAÇÃO DA MEDIUNIDADE E SUA EVOLUÇÃO


      Será que sabemos ao certo o que vem a ser a mediunidade? Podemos com toda confiança defini-la e desta forma demonstrar o quanto dominamos este assunto?
      Emmanuel define a mediunidade como a ocorrência que, invariavelmente, nasce de espírito para espírito. Ou seja, é natural e própria de todos os espíritos, independente do estágio em que estejam.
Assim, podemos definir com toda propriedade que todos os espíritos encarnados ou desencarnados possuem capacidade mediúnica, pois é a forma primordial de comunicação do espírito.
Conforme definimos acima, concluímos que a mediunidade é uma faculdade ou aptidão inata do espírito, ou ainda, uma faculdade de comunicação do espírito. Portanto, um dos componentes da mente, definida como conjunto de faculdades que atuam em sincronismo e em regime de interdependência.
      Não vamos, neste instante entrar no mérito das duas formas de faculdades mediúnicas que temos como definições, quais sejam, a mediunidade natural e a mediunidade de prova, tendo em vista que o enfoque almejado é o desenvolvimento da mediunidade como capacidade própria do espírito.
           Por um breve momento deixaremos de lado as teorias que conhecemos e passaremos a analisar uma nova proposta de leitura da mediunidade, que em muitos casos até então não havíamos pensado ou nos dado conta de sua possibilidade.
      Como nos ensina Armond, já é tempo de abandonar a ortodoxia sistemática, deixar de lado qualquer propensão ao misticismo, a fim de verificar as lacunas que porventura existam no edifício maravilhoso da codificação kardecista.
      Neste sentido, se nos atermos à interpretação sugerida, de que a mediunidade é uma faculdade natural e inerente a todos nós, enquanto espíritos encarnados ou desencarnados, e não um privilégio de alguns, quanto às suas capacidades mediúnicas, e muito menos, elemento exclusivo que demonstra os mecanismos de prova ou expiação daquele ou deste espírito, conseguiremos, tranqüilamente, visualizar a mediunidade como valioso instrumento de educação e progresso.
      É bem certo que a comunicação de espírito para espírito, é um processo que necessita ser desenvolvido e aprimorado constantemente, pois o espírito que está recebendo a mensagem precisa ter condições mínimas de conhecimento e intelecto para compreender e apreender o que o espírito está lhe transmitindo.
Para bem entender o funcionamento da comunicação mediúnica podemos fazer uma comparação com o telefone. O telefone é apenas um instrumento que nos servimos para transmitir nosso pensamento a outros à distância. Quando o telefone está com defeito, ou quando a linha tem umidade, por exemplo, a comunicação se torna defeituosa, a voz é distorcida, e muitas vezes não conseguimos entender o que está dizendo nosso interlocutor.
      Neste caso, estamos falando de comunicação de espíritos elevados, qual seja nosso objetivo, pois a comunicação com espíritos que estão na mesma sintonia que nós, ou ainda que estão nos estágios sofredores, não possuem por si só, condições que necessitem de grande diferencial para a sua percepção.
      Grande equívoco dos encarnados quando atribuem maior ênfase na comunicação com os irmãos sofredores. Temos o dever sim de auxiliá-los, mas não podemos utilizar isto como desculpa para a nossa não implementação intelectual e moral.
O estudo e aprimoramento constante, e neste caso estamos falando das bases fundamentais apresentadas na Escola de Aprendizes do Evangelho, quais sejam, a Reforma Íntima, o auto- conhecimento e o estudo progressivo, tanto da cultura e dos mecanismos espíritas,  quanto da cultura e mecanismos da sociedade em geral, como focos essenciais e constantes de todo e qualquer cristão.
      Aos companheiros que imaginam que os espíritos suprem todas as nossas deficiências, estão equivocados, pois a cada um é dado conforme suas condições, ou seja, se não temos condições de nos comunicarmos com espíritos mais elevados, afinam-se apenas espíritos compatíveis com nosso conhecimento e vibração, para transmitir a mensagem.
 Desta forma sofre-se uma grande perda dos conhecimentos a serem transmitidos. Este tema é bem sinalizado tanto no Livro dos Médiuns, de Kardec como no livro Mediunidade, de Armond.
      Como estamos observando, a evolução cientifica está muito acelerada, os conhecimentos humanos estão se ampliando cada vez mais, e as informações que porventura os nossos irmãos desencarnados têm a nos passar, com toda certeza, necessitam de conhecimentos mais amplos e abrangentes. Não podemos mais aceitar a velha fala, de muitos de nossos companheiros de movimento, que apenas a BOA VONTADE basta para o trabalhador. É evidente que necessitamos dela, mas na mesma proporção carecemos de aprimoramento constante de nossos conhecimentos.
      Não somos ilhas, somos membros de uma grande sociedade que em seu íntimo busca interligações, inter-relacionamentos, cooperação, que só ocorrerá quando todos tivermos condições de nos olharmos nos olhos, e nos reconhecermos como irmãos, sentindo que realmente assim nos considerarmos, sem preconceitos, sem barreiras, e principalmente, aceitando os diversos níveis de evolução que encontramos em nosso orbe.
      Não necessitamos, que nossos conhecimentos científicos sejam aprofundados, entretanto, devemos compreender todos os mecanismos próprios que estamos utilizando em nossa prática diária.
      Sem este cuidado estamos fadados, de forma consciente ou inconsciente, a cair na armadilha do animismo, pois, quando não buscamos o estudo e o aprimoramento, entramos na prática maquinal e descuidada da comunicação mediúnica. Através da nossa invigilância, será, inevitavelmente, alterado nosso padrão vibracional, permitindo a prática do animismo, que nada mais é que simulação de uma comunicação mediúnica, sem um interlocutor ou emissor da mensagem.
      Alguns companheiros podem estar se perguntando: O que tudo isto tem a ver comigo, já que não trabalho nas sessões mediúnicas das casas espíritas? Aos que fizeram esta colocação, com toda certeza, se olvidaram da definição que fizemos no inicio desta fala, de que a mediunidade é uma faculdade natural e própria de cada espírito, encarnado ou desencarnado.
Assim, se faz primordial que encaremos a prática mediúnica como uma constante diária, a ser exercida em todos os lugares, e em qualquer instante.
      Seja para ouvir uma intuição, dar um conselho, ou ainda, para desenvolver nosso trabalho material, ou no seio de nossa família. A mediunidade não é apenas um elemento próprio das casas espíritas, mas sim, uma habilidade que podemos e devemos desenvolver para a nossa vida diária, assim como a visão, a fala, a locomoção etc.
      Compreendendo que o médium está longe de ser o mais santificado dos homens, ou ainda o mais devedor dentre os devedores, alcemos vôo, à evolução de um espírito, convicto de sua fé, que busca, acima de tudo, ser um cristão consubstanciado no exemplo do Mestre, obreiro fiel da vivência pura da fraternidade e do trabalho.
      Sim, a mediunidade não é um dom exclusivo de alguns, razão pela qual se faz mister sua desmistificação quanto sua utilização. Caso contrário estaríamos autorizados, pela analogia, a mistificar a capacidade de respirar, de falar, de andar, enfim mistificar todas as capacidades próprias de nossa vida.
      A comunicação entre espíritos é tão natural que muitas vezes nem nos damos conta.
      Assim como tudo na vida humana está a evoluir, as faculdades mediúnicas também estão. A importância das manifestações grosseiras do passado, tanto quanto as necessidades das incorporações estão diminuindo, e conseqüentemente os médiuns destas modalidades.
 O que estamos presenciando é o crescimento e aparecimento dos médiuns intuitivos e sensitivos, onde se utiliza a capacidade telepática de cada um para a comunicação. O que justifica e nos sensibiliza sobre a importância do aprimoramento moral e intelectual.
Para finalizar, recorreremos mais uma vez ao Livro dos Médiuns, Capítulo XXXI, onde encontramos a comunicação abaixo transcrita, como seguro ensinamento para todos que laboramos na Seara de Jesus:
TODOS OS HOMENS SÃO MÉDIUNS, TODOS TÊM UM ESPÍRITO QUE OS DIRIGE PARA O BEM, QUANDO SABEM ESCUTÁ-LO. AGORA, QUE UNS SE COMUNIQUEM DIRETAMENTE COM ELE, VALENDO-SE DE UMA MEDIUNIDADE ESPECIAL, QUE OUTROS NÃO O ESCUTEM SENÃO COM O CORAÇÃO E COM A INTELIGÊNCIA, POUCO IMPORTA: NÃO DEIXA DE SER UM ESPÍRITO FAMILIAR QUEM OS ACONSELHA. CHAMAI-LHE ESPÍRITO, RAZÃO, INTELIGÊNCIA, É SEMPRE UMA VOZ QUE RESPONDE À VOSSA ALMA, PRONUNCIANDO BOAS PALAVRAS. APENAS, NEM SEMPRE AS COMPREENDEIS.
NEM TODOS SABEM AGIR DE ACORDO COM OS CONSELHOS DA RAZÃO, NÃO DESSA RAZÃO QUE ANTES SE ARRASTA E RASTEJA, NO QUE CAMINHA, DESSA RAZÃO QUE SE PERDE NO EMARANHADO DOS INTERESSES MATERIAIS E GROSSEIROS, MAS DESSA RAZÃO QUE ELEVA O HOMEM ACIMA DE SI MESMO, QUE O TRANSPORTA A REGIÕES DESCONHECIDAS, CHAMA SAGRADA QUE INSPIRA O ARTISTA E O POETA, PENSAMENTO DIVINO QUE EXALÇA O FILÓFOSO, ARROUBO QUE ARREBATA OS INDIVÍDUOS E POVOS, RAZÃO QUE O VULGO NÃO PODE COMPREENDER, PORÉM QUE ERGUE O HOMEM E O APROXIMA DE DEUS, MAIS QUE NENHUMA OUTRA CRIATURA, ENTENDIMENTO QUE O CONDUZ DO CONHECIMENTO AO DESCONHECIDO E LHE FAZ EXECUTAR AS COISAS MAIS SUBLIMES.
ESCUTAI ESSA VOZ INTERIOR, ESSE BOM GÊNIO, QUE INCESSANTEMENTE VOS FALA E CHEGAIS PROGRESSIVAMENTE A OUVIR O VOSSO ANJO GUARDIÃO, QUE DO ALTO DOS CÉUS VOS ESTENDE AS MÃOS. REPITO: A VOZ ÍNTIMA QUE FALA AO CORAÇÃO É A DOS BONS ESPÍRITOS E É DESTE PONTO DE VISTA QUE TODOS OS HOMENS SÃO MEDIUNS”.

      Então porque, nos apegarmos às antigas ortodoxias, se o tempo é de mudança e transformação, seja na seara íntima, seja na social. Todo aquele que for rígido seja dilapidado, para a preparação do novo estágio da evolução espiritual de nosso planeta.
      Vamos assim, nos fazer as seguintes questionamentos: Realmente sabemos e estamos desenvolvendo nossa capacidade de comunicação com os espíritos? Estamos desmistificando a capacidade mediúnica, para então conseguirmos utilizá-la de forma natural e diária? Ou estamos agindo conforme a moral extraída da Parábola da Figueira Seca, que com sua insofismável sabedoria nosso Pastor nos alertou?
      Pensemos reflexivamente e intuitivamente nisso, e que Jesus nos Abençoe hoje e sempre. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário