Será
que sabemos ao certo o que vem a ser a mediunidade? Podemos com toda confiança
defini-la e desta forma demonstrar o quanto dominamos este assunto?
Emmanuel
define a mediunidade como a ocorrência que, invariavelmente, nasce de espírito
para espírito. Ou seja, é natural e própria de todos os espíritos, independente
do estágio em que estejam.
Assim, podemos definir com toda
propriedade que todos os espíritos encarnados ou desencarnados possuem
capacidade mediúnica, pois é a forma primordial de comunicação do espírito.
Conforme definimos acima, concluímos
que a mediunidade é uma faculdade ou aptidão inata do espírito, ou ainda, uma
faculdade de comunicação do espírito. Portanto, um dos componentes da mente,
definida como conjunto de faculdades que atuam em sincronismo e em regime de
interdependência.
Não
vamos, neste instante entrar no mérito das duas formas de faculdades mediúnicas
que temos como definições, quais sejam, a mediunidade natural e a mediunidade
de prova, tendo em vista que o enfoque almejado é o desenvolvimento da
mediunidade como capacidade própria do espírito.
Por um breve momento deixaremos de
lado as teorias que conhecemos e passaremos a analisar uma nova proposta de
leitura da mediunidade, que em muitos casos até então não havíamos pensado ou
nos dado conta de sua possibilidade.
Como
nos ensina Armond, já é tempo de abandonar a ortodoxia sistemática, deixar de
lado qualquer propensão ao misticismo, a fim de verificar as lacunas que
porventura existam no edifício maravilhoso da codificação kardecista.
Neste
sentido, se nos atermos à interpretação sugerida, de que a mediunidade é uma
faculdade natural e inerente a todos nós, enquanto espíritos encarnados ou
desencarnados, e não um privilégio de alguns, quanto às suas capacidades
mediúnicas, e muito menos, elemento exclusivo que demonstra os mecanismos de
prova ou expiação daquele ou deste espírito, conseguiremos, tranqüilamente,
visualizar a mediunidade como valioso instrumento de educação e progresso.
É
bem certo que a comunicação de espírito para espírito, é um processo que
necessita ser desenvolvido e aprimorado constantemente, pois o espírito que
está recebendo a mensagem precisa ter condições mínimas de conhecimento e
intelecto para compreender e apreender o que o espírito está lhe transmitindo.
Para bem entender o
funcionamento da comunicação mediúnica podemos fazer uma comparação com o
telefone. O telefone é apenas um instrumento que nos servimos para transmitir
nosso pensamento a outros à distância. Quando o telefone está com defeito, ou
quando a linha tem umidade, por exemplo, a comunicação se torna defeituosa, a
voz é distorcida, e muitas vezes não conseguimos entender o que está dizendo
nosso interlocutor.
Neste
caso, estamos falando de comunicação de espíritos elevados, qual seja nosso
objetivo, pois a comunicação com espíritos que estão na mesma sintonia que nós,
ou ainda que estão nos estágios sofredores, não possuem por si só, condições
que necessitem de grande diferencial para a sua percepção.
Grande
equívoco dos encarnados quando atribuem maior ênfase na comunicação com os
irmãos sofredores. Temos o dever sim de auxiliá-los, mas não podemos utilizar
isto como desculpa para a nossa não implementação intelectual e moral.
O estudo e
aprimoramento constante, e neste caso estamos falando das bases fundamentais
apresentadas na Escola de Aprendizes do Evangelho, quais sejam, a Reforma
Íntima, o auto- conhecimento e o estudo progressivo, tanto da cultura e dos
mecanismos espíritas, quanto da cultura
e mecanismos da sociedade em geral, como focos essenciais e constantes de todo
e qualquer cristão.
Aos
companheiros que imaginam que os espíritos suprem todas as nossas deficiências,
estão equivocados, pois a cada um é dado conforme suas condições, ou seja, se
não temos condições de nos comunicarmos com espíritos mais elevados, afinam-se
apenas espíritos compatíveis com nosso conhecimento e vibração, para transmitir
a mensagem.
Desta forma sofre-se uma grande perda dos
conhecimentos a serem transmitidos. Este tema é bem sinalizado tanto no Livro
dos Médiuns, de Kardec como no livro Mediunidade, de Armond.
Como
estamos observando, a evolução cientifica está muito acelerada, os
conhecimentos humanos estão se ampliando cada vez mais, e as informações que
porventura os nossos irmãos desencarnados têm a nos passar, com toda certeza,
necessitam de conhecimentos mais amplos e abrangentes. Não podemos mais aceitar
a velha fala, de muitos de nossos companheiros de movimento, que apenas a BOA
VONTADE basta para o trabalhador. É evidente que necessitamos dela, mas na mesma
proporção carecemos de aprimoramento constante de nossos conhecimentos.
Não
somos ilhas, somos membros de uma grande sociedade que em seu íntimo busca
interligações, inter-relacionamentos, cooperação, que só ocorrerá quando todos
tivermos condições de nos olharmos nos olhos, e nos reconhecermos como irmãos,
sentindo que realmente assim nos considerarmos, sem preconceitos, sem
barreiras, e principalmente, aceitando os diversos níveis de evolução que
encontramos em nosso orbe.
Não
necessitamos, que nossos conhecimentos científicos sejam aprofundados,
entretanto, devemos compreender todos os mecanismos próprios que estamos
utilizando em nossa prática diária.
Sem
este cuidado estamos fadados, de forma consciente ou inconsciente, a cair na
armadilha do animismo, pois, quando não buscamos o estudo e o aprimoramento,
entramos na prática maquinal e descuidada da comunicação mediúnica. Através da
nossa invigilância, será, inevitavelmente, alterado nosso padrão vibracional,
permitindo a prática do animismo, que nada mais é que simulação de uma
comunicação mediúnica, sem um interlocutor ou emissor da mensagem.
Alguns
companheiros podem estar se perguntando: O que tudo isto tem a ver comigo, já
que não trabalho nas sessões mediúnicas das casas espíritas? Aos que fizeram
esta colocação, com toda certeza, se olvidaram da definição que fizemos no
inicio desta fala, de que a mediunidade é uma faculdade natural e própria de
cada espírito, encarnado ou desencarnado.
Assim, se faz primordial
que encaremos a prática mediúnica como uma constante diária, a ser exercida em
todos os lugares, e em qualquer instante.
Seja
para ouvir uma intuição, dar um conselho, ou ainda, para desenvolver nosso
trabalho material, ou no seio de nossa família. A mediunidade não é apenas um
elemento próprio das casas espíritas, mas sim, uma habilidade que podemos e
devemos desenvolver para a nossa vida diária, assim como a visão, a fala, a
locomoção etc.
Compreendendo
que o médium está longe de ser o mais santificado dos homens, ou ainda o mais
devedor dentre os devedores, alcemos vôo, à evolução de um espírito, convicto
de sua fé, que busca, acima de tudo, ser um cristão consubstanciado no exemplo
do Mestre, obreiro fiel da vivência pura da fraternidade e do trabalho.
Sim,
a mediunidade não é um dom exclusivo de alguns, razão pela qual se faz mister
sua desmistificação quanto sua utilização. Caso contrário estaríamos
autorizados, pela analogia, a mistificar a capacidade de respirar, de falar, de
andar, enfim mistificar todas as capacidades próprias de nossa vida.
A
comunicação entre espíritos é tão natural que muitas vezes nem nos damos conta.
Assim
como tudo na vida humana está a evoluir, as faculdades mediúnicas também estão.
A importância das manifestações grosseiras do passado, tanto quanto as necessidades
das incorporações estão diminuindo, e conseqüentemente os médiuns destas
modalidades.
O que estamos presenciando é o crescimento e
aparecimento dos médiuns intuitivos e sensitivos, onde se utiliza a capacidade
telepática de cada um para a comunicação. O que justifica e nos sensibiliza
sobre a importância do aprimoramento moral e intelectual.
Para finalizar, recorreremos
mais uma vez ao Livro dos Médiuns, Capítulo XXXI, onde encontramos a
comunicação abaixo transcrita, como seguro ensinamento para todos que laboramos
na Seara de Jesus:
“TODOS OS HOMENS SÃO MÉDIUNS, TODOS
TÊM UM ESPÍRITO QUE OS DIRIGE PARA O BEM, QUANDO SABEM ESCUTÁ-LO. AGORA, QUE
UNS SE COMUNIQUEM DIRETAMENTE COM ELE, VALENDO-SE DE UMA MEDIUNIDADE ESPECIAL,
QUE OUTROS NÃO O ESCUTEM SENÃO COM O CORAÇÃO E COM A INTELIGÊNCIA, POUCO
IMPORTA: NÃO DEIXA DE SER UM ESPÍRITO FAMILIAR QUEM OS ACONSELHA. CHAMAI-LHE
ESPÍRITO, RAZÃO, INTELIGÊNCIA, É SEMPRE UMA VOZ QUE RESPONDE À VOSSA ALMA,
PRONUNCIANDO BOAS PALAVRAS. APENAS, NEM SEMPRE AS COMPREENDEIS.
NEM TODOS SABEM AGIR DE ACORDO COM
OS CONSELHOS DA RAZÃO, NÃO DESSA RAZÃO QUE ANTES SE ARRASTA E RASTEJA, NO QUE
CAMINHA, DESSA RAZÃO QUE SE PERDE NO EMARANHADO DOS INTERESSES MATERIAIS E
GROSSEIROS, MAS DESSA RAZÃO QUE ELEVA O HOMEM ACIMA DE SI MESMO, QUE O
TRANSPORTA A REGIÕES DESCONHECIDAS, CHAMA SAGRADA QUE INSPIRA O ARTISTA E O
POETA, PENSAMENTO DIVINO QUE EXALÇA O FILÓFOSO, ARROUBO QUE ARREBATA OS
INDIVÍDUOS E POVOS, RAZÃO QUE O VULGO NÃO PODE COMPREENDER, PORÉM QUE ERGUE O
HOMEM E O APROXIMA DE DEUS, MAIS QUE NENHUMA OUTRA CRIATURA, ENTENDIMENTO QUE O
CONDUZ DO CONHECIMENTO AO DESCONHECIDO E LHE FAZ EXECUTAR AS COISAS MAIS
SUBLIMES.
ESCUTAI ESSA VOZ INTERIOR, ESSE BOM
GÊNIO, QUE INCESSANTEMENTE VOS FALA E CHEGAIS PROGRESSIVAMENTE A OUVIR O VOSSO
ANJO GUARDIÃO, QUE DO ALTO DOS CÉUS VOS ESTENDE AS MÃOS. REPITO: A VOZ ÍNTIMA
QUE FALA AO CORAÇÃO É A DOS BONS ESPÍRITOS E É DESTE PONTO DE VISTA QUE TODOS
OS HOMENS SÃO MEDIUNS”.
Então
porque, nos apegarmos às antigas ortodoxias, se o tempo é de mudança e
transformação, seja na seara íntima, seja na social. Todo aquele que for rígido
seja dilapidado, para a preparação do novo estágio da evolução espiritual de
nosso planeta.
Vamos
assim, nos fazer as seguintes questionamentos: Realmente sabemos e estamos
desenvolvendo nossa capacidade de comunicação com os espíritos? Estamos
desmistificando a capacidade mediúnica, para então conseguirmos utilizá-la de
forma natural e diária? Ou estamos agindo conforme a moral extraída da Parábola
da Figueira Seca, que com sua insofismável sabedoria nosso Pastor nos alertou?
Pensemos
reflexivamente e intuitivamente nisso, e que Jesus nos Abençoe hoje e sempre.
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