segunda-feira, 14 de maio de 2012

Considerações sobre Mediunidade


  1. Primeiro Lastro

Ortodoxia

“Já é tempo de abandonar a ortodoxia sistemática, deixar de parte qualquer propensão a misticismo, para verificar as lacunas que porventura existam no edifício maravilhoso da codificação kardeciana.”[1]

São com estas palavras que Armond inicia o Cap. 2 do Livro Mediunidade,  nos lembrando com precisão que a Doutrina Espírita está alicerçada em um tripé dinâmico, que acompanha o progresso científico, social e cultural da humanidade.
Muitas vezes nos pegamos sedimentados em conceitos e posturas que foram à época válidos, mas que agora necessitam ser revisados e analisados, sob a ótica de um processo intenso de busca do ponto primordial, ou seja, necessitamos aliar todo o conhecimento adquirido até aqui, com os primeiros passos da mediunidade.
Pode parecer um pouco contraditório num primeiro momento, mas na busca do entender, deixamos de lado o sentir.
Falamos em aprimoramento mediúnico, nos olvidamos da necessidade do aprimoramento íntimo do médium, quedamos infinitas horas debruçados sobre a larga bibliografia, e deixamos de exercitar a prática simples e comum da comunicação. Tanto é, que existem confrades que negam serem médiuns, visto que isto caiu de “moda”.
Quando olhamos o edifício da codificação, nos deparamos com o primeiro lastro, que é a ciência, ou seja, a experimentação dos processos desenvolvidos em nosso meio. Terreno que foi fertilmente trabalhado por Armond e aparentemente abandonado pelos que o sucederam no movimento. Muitos acham que Armond já nos deixou tudo o que necessitaríamos para nosso desenvolvimento, enquanto movimento, mas eu ouso contradizer, pois muito ainda temos que sentir, compreender e fazer para que o projeto Aliança, no campo da mediunidade alcance seu objetivo, quantos médiuns psicógrafos temos em nossas Casas, e quantas publicações o movimento conseguiu editar?
Muitas vezes, pelo nosso comodismo, usurpamos o conhecimento da humanidade. Isto é certo? Não podemos mais, deixar que o conhecimento que é apresentado em nosso seio se perca, por culpa da nossa acomodação.
A Doutrina Espírita necessita do empenho e dedicação de cada um que a abraça, este pedido esta contida no Prolegômenos do Livro dos Espíritos: “É com perseverança que chegarás a recolher o fruto do teu trabalho. O prazer que experimentarás vendo a doutrina se propagar e ser compreendida te será uma recompensa da qual conhecerás todo o valor, talvez mais no futuro que no presente. Não e inquietes, pois, com as sarças e as pedras que os incrédulos ou os maus semearão sobre teu caminho. Conserva a confiança tu chegarás ao fim, e merecerás ser sempre ajudado.[2]
Então diante deste quadro, necessitamos no libertar das auto-ortodoxias que criamos, pois a doutrina é dinâmica e não aceita em seu contexto limitações para a busca de conhecimento e sentimento.
Igual a Paulo de Tarso, precisamos ousar mais, sair da nossa área de comodismo e adentrar ao campo daquilo que ainda não compreendemos. Afinal nossa primeira estrutura fundamental é a ciência.


[1] Mediunidade. 5º edição 2003. Editora Aliança, pág 14.
[2] Livro dos Espíritos, O. 146º edição 2003. Editora IDE. pág 44.

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